Reversão de lesão na medula inspira premiação da bióloga Tatiana Coelho
Carioca do Ano na categoria Ciência, coordenadora do revolucionário estudo da UFRJ é modesta: "Tem esforço, mas muita sorte também"
Em 9 de setembro de 2025, o Brasil ficou maravilhado diante da notícia de que uma pesquisa brasileira havia resultado em uma substância capaz de reverter lesões recentes na medula humana. O bancário Bruno Drummond de Freitas, de 31 anos, ficou tetraplégico em 2018, após um acidente de carro. Ao participar de um estudo experimental, recuperou totalmente os movimentos.
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A polilaminina foi criada a partir do estudo da laminina, proteína extraída da placenta que possui capacidade reparadora e multiplicadora. O projeto que levou à descoberta, iniciado em 1999 nos laboratórios do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, é liderado pela bióloga Tatiana Coelho de Sampaio, de 59 anos, professora doutora de lá.
O trabalho não era exatamente um segredo, mas, como a patente, solicitada em 2008, ainda não havia sido concedida, o que aconteceu apenas recentemente, nada havia sido divulgado até então. Agora, a equipe aguarda a liberação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para iniciar a fase de testes mais abrangentes em humanos. “Tem esforço, mas muita sorte também. Podia não ter dado certo quando passamos dos testes em ratos para as tentativas com humanos. Podíamos também não ter conseguido uma empresa que topasse investir no projeto sem patente”, pondera a pesquisadora, modesta.
Um novo estudo analisa neste momento os efeitos da droga em cães com lesões crônicas. Mãe de três filhos, Tatiana foi casada duas vezes e afirma que o maior desafio do cotidiano puxado — com expediente de quase doze horas por dia quando a coisa aperta — é “equilibrar os pratinhos”. “São três vidas paralelas, e dá para escolher só duas. Equilibrar marido, filhos e trabalho é duro. E olha que nem todo mundo dispõe das condições favoráveis que eu tive, como creche e babá”, diz. Ela afirma que o machismo atravessou pontualmente sua trajetória. “Se estou diante de um olhar masculino, percebo que fico mais insegura. E não sou só eu. Existe demonstração científica desse fenômeno”, lembra.
Moradora de Laranjeiras, nas horas vagas Tatiana gosta de ouvir boa música na feira da General Glicério e na Praça São Salvador. Um prêmio para o Rio — e para a humanidade.
CARIOCAS DO ANO 2025 é uma realização de VEJA RIO com patrocínio de Light e Alerj, apoio institucional do Governo do Estado do Rio de Janeiro e parceria de Salton e Castas Importadora.





