Startups da vez, as fintechs crescem no Rio

O mercado de empresas que criam soluções na área financeira com o uso de novas tecnologias dribla a crise

Por Gustavo Côrtes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 9 jul 2018, 14h23 - Publicado em 9 jul 2018, 00h13
 (Felipe Fittiáldi/Veja Rio)
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As negociações chegaram ao fim em março deste ano. Dono de aplicativos de sucesso como iFood e PlayKids, o gigante brasileiro Movile liberou 18,3 milhões de dólares para uma fintech do Rio. Junção das palavras em inglês financial e technology, o termo designa empresas que desenvolvem soluções na área financeira com o uso de novas tecnologias. Ou seja, criam ferramentas e serviços para facilitar a vida dos consumidores que pagam contas on-line, fazem compras pela internet ou usam aplicativos que envolvem transações monetárias, como o próprio iFood. Esse mercado, mesmo diante da crise, vem crescendo a passos largos em todo o mundo, inclusive por aqui. De acordo com a consultoria Ernst Young, no período de um ano e meio, entre abril de 2016 e novembro de 2017, o número de startups do gênero em território fluminense aumentou quase 40%. Atualmente, 61 das 343 integrantes da Associação Brasileira de Fintechs são sediadas no Rio. É o caso da empresa que recebeu um caminhão de dinheiro da poderosa Movile. Localizada no Città América, na Barra, a Zoop, em cujo escritório setenta pessoas dão expediente, está de mudança para um ponto cinco vezes maior no mesmo condomínio.

Em uma das paredes do espaço, um monitor de 32 polegadas mostra gráficos de operações de pagamento pelas quais os sócios Rodrigo Miranda e Fabiano Cruz são responsáveis. A dupla administra ferramentas como a carteira virtual, que permite aos usuários armazenar de forma segura na internet cartões de crédito para compras futuras. São feitas, em média, 7 000 transações por minuto. Uma garrafa de espumante de 3 litros espera em uma estante para ser aberta quando for atingida a marca de 1 000 por segundo. “A meta é estourar o champanhe ainda neste ano”, ambiciona Daniel Teixeira, gerente de desenvolvimento da empresa. A confiança tem explicação: os negócios da Zoop vêm de um crescimento de 490% em 2017 e é de esperar que evoluam ainda mais, beneficiados pelo aporte da Movile. Essa foi a quarta injeção de capital recebida de grandes grupos. Na primeira, da fabricante americana de chips Qualcom Ventures, 100 000 dólares foram enviados quando a empresa carioca levou o prêmio de iniciativa mais inovadora da América Latina no QPrize, uma espécie de concurso para startups em desenvolvimento.

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(Felipe Fittipaldi/Veja Rio)

 

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(Arte/Veja Rio)

Outra explicação para o bom desempenho desse setor é o amplo campo de atuação. Por mais que ferramentas voltadas para pagamentos dominem o mercado, existem pelo menos outros dez segmentos em que ele está presente, atendendo pessoas físicas e jurídicas. A Mutual, por exemplo, formaliza empréstimos entre pessoas físicas, enquanto a Nibo disponibiliza uma plataforma on-line para substituir planilhas financeiras de pequenas empresas. Também na lista, o Banco Maré é voltado para moradores e pequenos comerciantes do Complexo da Maré, onde vivem cerca de 200 000 pessoas e muitas nem sequer têm conta bancária. Funciona assim: o cliente compra um cartão por 10 reais, integralmente revertidos em créditos de celular pré-pago. A partir daí, é possível pagar contas e comprar produtos e serviços do entorno por meio de um aplicativo no telefone. O lucro é resultado de uma taxa de 40 centavos a cada pagamento de boleto e da cobrança de 1% do valor de cada compra. “As contas às vezes não chegam, as pessoas perdem a data de vencimento e pagam juros altos. Nossa ideia é criar uma solução para problemas como esse”, conta Miguel Motta, analista financeiro do Banco Maré. Ganha força, hoje, a profecia de Bill Gates: “Banking é necessário, bancos não”, vaticinou, em 1994, o fundador da Microsoft.

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