Banco de reservas

Escalados para o lugar dos protagonistas, os atores substitutos se tornam cada vez mais comuns nas grandes produções

Por Carolina Barbosa
Atualizado em 5 dez 2016, 13h52 - Publicado em 29 jan 2014, 18h54
Fernando Lemos
Fernando Lemos (Redação Veja rio/)
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O público já estava sentado no teatro Oi Casa Grande à espera do início da apresentação de Elis, a Musical, às 17 horas do sábado (11), quando um aviso no alto-falante informou: naquela sessão, o papel principal não seria interpretado pela titular do cargo. No lugar de Laila Garin, que vem recebendo elogios rasgados por sua atuação, Lílian Menezes assumiria o posto. Diante da troca, a plateia reagiu, em uníssono, com um “Ahhhhh”. A cena, um pouco decepcionante, tanto para os espectadores quanto para quem está nas coxias prestes a entrar no palco, tem se repetido com certa frequência nos teatros cariocas. Principalmente quando o grande destaque de um elenco precisa ser substituí­do e, para piorar, por alguém menos conhecido. “A própria Elis era vítima dessa reprovação inicial. Muitas vezes chegava para cantar, as pessoas não davam muita bola para ela e, depois, terminava ovacionada. Eu me inspiro nela”, diz a paulistana Lílian, de 36 anos, à frente das sessões vespertinas às quintas e aos sábados.

Chamados de stand-in, os atores acionados para entrar no lugar dos protagonistas formam uma espécie de banco de reservas das superproduções. Em geral, eles já fazem parte do elenco, desempenhando pequenos papéis, e são deslocados toda vez que os titulares não podem comparecer, seja por motivo de doença, seja por outro imprevisto qualquer. Surgida por volta da década de 40 na Broadway, a função, chamada de understudy lá fora, é um recurso muito comum nos grandes espetáculos que envolvem altas cifras, equipes numerosas e plateias volumosas. Por aqui, o cargo popularizou-se com a chegada dos grandes musicais estrangeiros, no início dos anos 2000. “É uma tarefa tão importante quanto a do personagem principal, porque são os atores substitutos que nos salvam diante de uma emergência”, acredita o diretor João Fonseca, de Cazuza ? Pro Dia Nascer Feliz. Por precaução, ele escalou não um, mas dois suplentes para o papel do titular, Emilio Dantas: os atores Osmar Silveira e Bruno Narchi. “Em Rock in Rio, já tive de fazer cinco substituições às pressas. Se não tivesse gente preparada, como seria? O show não pode parar, não é mesmo?”, indaga.

Passada a decepção inicial, o troca-troca de atores pode acabar surpreendendo o público. Muitas vezes, positivamente. Ao longo da história, não faltam exemplos de sucesso. Em 1975, durante a temporada de Chicago, na Broadway, Gwen Verdon (1925-2000), no papel da dançarina Roxie Hart, teve um problema de saúde. Em cima da hora, Liza Minnelli, que havia sido premiada com o Oscar de melhor atriz pelo filme Cabaret em 1972, assumiu a função. O resultado foi uma temporada de casa lotada com filas na porta diariamente. No Rio, Danilo de Moura, que começou como reserva de Tiago Abravanel em Tim Maia ? Vale Tudo, acabou assumindo o posto quando o neto de Silvio Santos deixou o elenco. Como resultado, muitas pessoas que já tinham assistido ao musical voltaram para revê-lo com o novo protagonista. “O espetáculo nunca vai ser igual, porque cada ator imprime seu jeito, mas também pode ser muito bom”, acredita Frederico Reder, do Theatro Net Rio.

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