Como a tecnologia de ponta está transformando o cotidiano das obras
Incorporadoras investem em consultorias para aumentar produtividade e diminuir a imprevisibilidade que ronda os canteiros
Quem já desbravou os labirintos de uma obra sabe que é fácil iniciá-la, mas dificílimo saber quando se verá o ponto-final. Neste atribulado contexto, a lista de gastos aumenta em progressão geométrica. Há, porém, luz no horizonte: no que depender dos avanços tecnológicos do mercado imobiliário, o pesadelo da imprevisibilidade na construção ou na reforma está com os dias contados. E aí entra em cena a inteligência artificial, capaz de analisar uma quantidade extraordinária de dados que nós, humanos, jamais conseguiríamos em tal velocidade.
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Isso já provoca mudanças no cotidiano dos profissionais do setor. A consultoria carioca G+P Soluções, focada em planejamento e gestão de construções, levou dois anos para aprimorar um software que equaciona, via IA, os fatores envolvidos numa obra, calculando sua data de término.
“Essa tecnologia traz previsibilidade para um mercado que sempre lidou com surpresas indesejadas. Vai ficar mais fácil, tanto para quem vende quanto para quem compra”, diz Sylvio Pinheiro, diretor da G+P, que atende clientes como Patrimar, Performance e TAO.
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Até hoje visto como um campo de trabalho nos moldes do século passado, os canteiros também estão prestes a experimentar revoluções graças aos avanços tecnológicos. Em fase de testes no Rio, softwares produzem mapas de calor através de geolocalizadores instalados em capacetes para examinar, por exemplo, se os funcionários estão vestindo os equipamentos de proteção adequados e realmente cumprindo tarefas previamente determinadas.
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“Conseguimos, assim, aumentar a produtividade e reduzir o número de acidentes de trabalho”, explica Thiago Soares, diretor da The Controller, consultoria de inovação. Até mesmo drones estão sendo empregados pelo setor: a medição de um terreno, por exemplo, que não raro consumia um dia de trabalho do topógrafo, é feito agora em poucos minutos com a ajuda da câmera voadora.
Os equipamentos são utilizados também para calcular, rapidamente, quantos metros cúbicos foram escavados de uma rocha.
Velha conhecida do universo gamer, a realidade aumentada é outra dessas tecnologias que começa a brotar no dia a dia das obras através do Building Information Modelling (BIM, em inglês, ou Modelagem da Informação da Construção).
Trata-se de um software que adota modelos tridimensionais inteligentes para criar, gerenciar e compartilhar informações. “Na prática, eu pego um tablet para escanear o canteiro de obra e, diante das projeções na tela, rapidamente consigo identificar a parede onde passará cada tubulação ou cabo”, esclarece Sylvio Pinheiro, da G+P.
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“Dessa forma, os donos do terreno, arquitetos, engenheiros e a mão de obra ficam na mesma página”, completa. “Foi-se o tempo em que era necessário imprimir as plantas. Hoje, é só escanear um QR code”, afirma Nathalia Gomes, gerente de qualidade e sustentabilidade do Grupo Patrimar, que toca empreitadas como o Atlântico Golf e o Grand Quartier, na Barra, e viu o tempo de liberação e entrega de projetos despencar quase 70% com a guinada tecnológica.
Numa indústria em que cada minuto conta, que venham mais inovações.