Temporais tiram o sossego do Rio
Na região conhecida como Grande Tijuca, no entanto, mesmo após investimentos em amplas obras de drenagem, o problema é vitalício
Não teve aula na segunda 14. Terça e quarta também não. Mesmo assim, solidários alunos do Centro Federal de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca (Cefet) juntaram-se a uma tropa de setenta profissionais da limpeza para faxinar a instituição. A tradicional escola técnica foi alagada pelo temporal que caiu no sábado (12), e, dois dias depois, quem chegou primeiro ao endereço às margens do Rio Maracanã encontrou lama e destruição. Documentos, material de escritório e protótipos desenvolvidos por estudantes do curso de engenharia foram danificados. Cidade afora, a lista de transtornos cresceu após mais uma pancada de chuva no dia 16. O caso do Cefet, no entanto, destaca-se entre os estragos provocados pelas tempestades recentes porque a região onde ele se encontra recebeu grandes investimentos justamente para evitar esse tipo de problema. No embalo da Olimpíada, mais de 350 milhões de reais foram liberados para a construção de piscinões subterrâneos, obras do Plano Diretor de Drenagem Urbana do Rio, na área que compreende a Praça da Bandeira, o Maracanã e parte da Tijuca. Dois complexos — sob a Praça da Bandeira e a Praça Niterói — estão concluídos, mas o terceiro, na Praça Varnhagen, teve a finalização adiada por problemas contratuais com a construtora.
A informação oficial é que o sistema completo, com o piscinão por terminar e o desvio do Rio Joana para a Baía, também a caminho, vai livrar a Grande Tijuca de sua má sina. Até lá, permanecem atuais os versos do samba Cidade Lagoa, sucesso de Moreira da Silva composto há mais de meio século por Sebastião Fonseca e Cícero Nunes: “Basta que chova mais ou menos meia hora / É batata, não demora, enche tudo por aí / Toda a cidade é uma enorme cachoeira / Que da Praça da Bandeira / Vou de lancha a Catumbi”.