Como melhorar o caótico trânsito na Barra? A solução pode vir das lagoas
Prefeitura quer implantar transporte aquático no complexo lagunar da região; empresas autorizadas têm 120 dias para concluir estudos de viabilidade
A prefeitura do Rio deu início a estudos de viabilidade para implantação de transporte aquaviário de passageiros no complexo lagunar da Barra da Tijuca. A ideia é abrir caminhos alternativos para desafogar o trânsito da região e de Jacarepaguá, ainda mais complicado com o acirramento dos problemas dos ônibus e BRTs. Dois grupos foram autorizados a apresentarem estudos sobre o novo sistema de mobilidade que deverá integrar pontos chaves, como os bairros do Recreio dos Bandeirantes e Rio das Pedras; o Parque Olímpico; a região do Península e Barra Shopping; a Ilha da Gigóia; e o Metrô do Jardim Oceânico. Depois de receber os resultados a prefeitura avaliará as propostas. O passo seguinte, após possíveis alterações no projeto apresentado, é a publicação da licitação entre o fim deste ano e o início de 2023.
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Também serão integrados ao sistema os condomínios que hoje já têm saída para balsas que cruzam o Canal do Marapendi até as praias da Barra e Recreio. O Consórcio ECP-UFRJ-COPPETEC-OECI-SENSUS e o Grupo Itaigara têm prazo de 120 dias para entregar os resultados. São estes estudos que detalharão, por exemplo, quantidades de linhas necessárias, trajetos específicos, tipos de embarcação e locais das estações. Também será alvo dos estudos a instalação de uma marina na região do Quebra-Mar da Barra. Outro foco da exploração pela concessionária é o transporte turístico principalmente na Lagoa do Marapendi, com maior potencial para circulação de embarcações de lazer.
A ideia de investir no transporte lagunar na região não é nova, mas agora conta com um reforço para não naufragar: o compromisso da concessionária Iguá — que, após o leilão da Cedae, opera os serviços de água e esgoto para mais de 1,2 milhão de pessoas na região — de despoluir as lagoas, num investimento de R$ 250 milhões. Hoje, a navegação dessas embarcações com passageiros pelas lagoas da Tijuca, Camorim, Jacarepaguá e Marapendi e seus canais esbarraria no assoreamento. Há trechos na Lagoa da Tijuca, a mais degradada, em que é impossível a passagem até de barcos preparados para menores profundidades.
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A Companhia de Desenvolvimento Urbano da Região do Porto (Cdurp) — empresa pública que será transformada na Companhia Carioca de Parcerias e Investimentos (CCPar), conforme projeto de lei aprovado ontem, em segunda discussão, pela Câmara dos Vereadores — é quem levará adiante o processo de concessão dessa alternativa de mobilidade. O presidente da Cdurp, Gustavo Guerrante, aposta que a instalação do novo modal será atrativa tanto para quem usa transporte público quanto para o usuário de carro particular: “Nós vemos dois potenciais públicos que passarão a usar o transporte aquaviário: a pessoa que mora no Recreio, Curicica ou Rio das Pedras, por exemplo, e se desloca de carro hoje pela Barra até o Metrô; e quem usa outros transporte públicos como ônibus municipais – sujeitos ao trânsito – e que podem fazer integração com o Metrô sem ficar parado no engarrafamento”.