Com a pandemia, dobra a procura por treinos funcionais nas praias

As areias cariocas recebem cada vez mais gente que resolveu migrar das academias para a prática de exercícios à beira-mar

Por Fabio Codeço
Atualizado em 21 dez 2020, 11h49 - Publicado em 18 dez 2020, 07h00
Academia na praia
A paulistana Fernanda Fiorelli: da musculação para o funcional (Leo Lemos/Veja Rio)
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Nestes tempos em que o novo coronavírus ainda persiste entre nós, o recomendado é evitar ambientes fechados e climatizados, onde os riscos de sua proliferação crescem, segundo atestam os cientistas mundo afora. Assim, locais como hotéis, restaurantes e academias devem ser frequentados com parcimônia, máscara e muito álcool em gel – e cuidado redobrado. “No exercício físico, a respiração fica mais pesada, o que aumenta a probabilidade de que partículas carregadas do vírus se espalhem. Além disso, o uso da máscara acaba ficando comprometido, pois muita gente a tira para respirar melhor”, explica a infectologista do Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos, Sandra Kesh.

Quando o acessório umedece, lembra a especialista, a eficácia na barragem das gotículas cai. Mesmo que uma boa ventilação, a sanitização correta dos equipamentos e o distanciamento adequado minimizem os riscos, ambientes abertos são mais indicados, já que ali as partículas se dissipam com maior rapidez.

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Nesse cenário, em que as pessoas precisam se manter em dia com a atividade física e ao mesmo tempo seguras, uma opção é malhar ao ar livre, sob a moldura de um belo cartão-postal. E é para os 70 quilômetros de litoral que o carioca anda marchando com muito fôlego. Por essa areia toda, encontram-se mais de oitenta assessorias esportivas dedicadas ao treino funcional, que promove uma mescla saudável e eficiente de séries que põem todo o corpo para trabalhar.

Sócio e professor da Labofit, que se baseia na Praia do Leblon, próximo à Rua João Lira, Ernandes Júnior conta que o número de interessados procurando por aulas experimentais dobrou em novembro e o movimento naquela faixa de areia já é 50% maior que no mesmo período do ano passado.

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A maravilha de cenários,  os pés fincados na natureza e um mergulhinho a poucos metros de distância já são por si só atrativos irresistíveis. Mas há outros. O treinamento funcional consiste em exercícios que miram movimentos do cotidiano, como agachar, levantar, empurrar, puxar e girar, conjunto que mexe simultaneamente com diversas partes do corpo – diferentemente da musculação, que estimula um único músculo a cada atividade.

Envolve força, equilíbrio, coordenação motora e condicionamento físico ao mesmo tempo. Por isso, é considerado tão completo. Acessórios como bolas, faixas elásticas, pesos (o kettlebell) e tiras de náilon ligadas a um gancho e manoplas (o TRX) conferem variedade às atividades, o que torna o treino menos repetitivo e monótono.

É também um tipo de treino que se ajusta facilmente às necessidades do praticante, podendo ser feito tanto por um atleta como por alguém fora de forma. “Em um mesmo grupo, personalizamos o treino para distintas demandas e limitações”, explica William Raposo, fisioterapeuta e proprietário da Espaço Vital, na Barra, que oferece treinos coletivos para até dez pessoas em uma faixa de areia próximo ao Posto 3.

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Como é praticado na superfície fofa da areia, o treinamento funcional requer mais força e melhora a ativação cardiovascular, embora o impacto seja menor – uma vantagem. “Isso diminui o risco de lesões”, esclarece Raposo. Há cinco meses, o especialista em marketing Pedro Berenguer, 46 anos, conheceu a modalidade. Em maio do ano passado, ele praticava jiu-jítsu quando rompeu os ligamentos do joelho  esquerdo, submeteu-se a uma cirurgia e foi para a academia fazer reabilitação.

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Mas aí veio a pandemia e interrompeu tudo. “Comecei a perder força na perna, o arco de movimento ficou ruim. Quando liberaram a prática de esportes na praia, eu me matriculei no funcional e o resultado veio rápido. Fora que é muito mais prazeroso”, diz. Ex-frequentadora contumaz de academias, a paulistana Fernanda Fiorelli, 38 anos, concorda que o entorno exuberante conspira a favor.

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Moradora de Copacabana, ela levanta todo dia às 6 horas, pega uma bicicleta e vai malhar diante do mar do Leblon antes de ir para o trabalho. “Faço um treinamento personalizado, pagando 200 reais por mês, e com aquela vista”, deslumbra-se ela, que também contabiliza benefícios para a saúde. “Já operei hérnia de disco, mas volta e meia a dor vinha. Depois que aderi ao funcional, nunca mais tive nada”, festeja a gestora de RH.

Membro da Sociedade de Medicina do Exercício e do Esporte do Rio de Janeiro, João Felipe Franca diz que a resistência da areia é particularmente interessante para talhar os membros inferiores e pode ser usada para adicionar carga aos exercícios físicos. Mas alerta: “É
importante começar devagar, de forma gradativa, e dar mais tempo de descanso entre um exercício e outro, pois a mudança de superfície altera a intensidade do estímulo”.

E, como toda atividade física, vale o mantra: nada de fazer sem acompanhamento. Ah, e não custa lembrar que a orla carioca oferece uma variedade incomum de esportes, como futebol, beach tênis, vôlei, futevôlei, frescobol e beach boxing. No verão, claro, o calor é às vezes inclemente, mas nada que um mergulho de cabeça no mar não resolva.

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arte
Rio fitnness (Redação/Veja Rio)

 

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