Blue Note direto da Gávea, com Vinicius Cantuária
O cantor vai participar de uma live da antológica casa de shows de NYC e antecipa hoje parte do repertório
Ele estava tranquilo em casa na sua quarentena quando recebeu o convite para tocar em uma live da antológica casa de shows, a Blue Note de Nova York. Entre os músicos convidados, ninguém menos que Wynton Marsalis, Wayne Shorter, Pat Metheny e seu parceiro Bill Frisell, que farão apresentações individuais. Não que isso seja algo incomum para Vinicius Cantuária, muito pelo contrário, sua carreira internacional é consagrada nos EUA, Europa e Japão. Ele viaja o ano inteiro fazendo shows sold out. O diferente mesmo é tocar da sua simpática casa na Gávea para o mundo. “Fiquei superfeliz com o convite, foi uma ótima notícia”, conta, empolgado. A live do Blue Note está agendada para segunda-feira, 22. Mas antes disso, Vinicius decidiu fazer uma só sua, bem intimista. Hoje, às 23h45, ele entra ao vivo da sua home-studio. No set list (veja abaixo) 10 músicas que contam um pouco de sua história.
O cantor e compositor amazonense veio morar no Rio com nove anos de idade. Começou sua trajetória musical nos anos 70 como baterista da banda “O Terço”. Dez anos mais tarde estourava com sucessos arrebatadores como “Lua e Estrela”, gravada por Caetano Veloso, e “Só você”. Canções que não podem faltar quando toca aqui, mesmo que já com arranjos jazzísticos. “O publico sempre pede”, diz. Em 1993, Vinicius vai morar em Nova York, onde fica por mais de 20 anos, no Brooklyn, “a Gávea americana”, em uma trajetória impressionante, tocando com músicos como o guitarrista americano Bill Frisell, o pianista Ryuichi Sakamoto e os cantores Norah Jones e Jesse Harris, todos parceiros constantes.
A sensação que se tem é que Vinicius deu um giro no mundo para voltar pra casa, onde adora estar. “Eu vivo em uma espécie de quarentena”, afirma. “Sou muito caseiro e e gosto muito de estar aqui, compondo, trabalhando, com minha família e amigos.” Aqui, ele é fiel aos grandes amigos da vida toda, como Ricardo Silveira, Dadi Carvalho, Celso Fonseca, Leoni, Evandro Mesquita. Fez uma parceria com Arnaldo Antunes no seu penúltimo disco “Índio de Apartamento”, a música “Acorda”, com piano de Sakamoto. Mas o Brasil precisa redescobrir sua música, que mudou muito de onde as pessoas pararam. Seu último trabalho, o CD Vinicius canta Antonio Carlos Jobim, espantosamente, não foi lançado aqui. Saiu nos EUA pela Sunnyside e na Europa pela Naive, com críticas internacionais excelentes. Hoje ele canta “Caminhos Cruzados” na live, em homenagem ao Tom, nome de batismo do seu caçula, de 8 anos, fruto do casamento com a jornalista inglesa Claire Bower. Outra faixa-homenagem será a belíssima “Ludo Real” que fez com Chico Buarque, aniversariante do dia.
A voz macia de Vinicius com seu violão jazzístico e intuitivamente brasileiro mostram que ele viajou o mundo mas nunca deixou o Brasil. Uma música que traz a expressão de sua origem e a experiência de suas andanças. Não perca! Hoje às 23h45. “Quem sabe eu te encontro, de noite na live”, brinca Vinicius. Pode pedir os sucessos, mas ouça o que ele apresentar de novo, especialmente suas blue notes.
Live Vinicius Cantuária hoje, às 23h45, @cantuariavinicius
Live Blue Note Nova York, dia 22, segunda-feira, às 20 horas @bluenotenyc