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Beco do Becoza

Por Juarez Becoza, repórter de gastronomia popular e caçador de botequins Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Morre Seu Basílio, um dos fundadores do Angu do Gomes

Basílio Augusto Moreira era o último dos pioneiros que transformaram as carrocinhas de fubá com miúdos em ícones da gastronomia popular carioca

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Atualizado em 23 set 2020, 19h39 - Publicado em 23 set 2020, 19h35
Seu Basílio com o neto, Rigo, no dia do seu aniversário de 91 anos, semana passada (André Cyriaco/Divulgação)
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Nesse ano estranho que estamos vivendo, não chega a surpreender que logo o dia da chegada da primavera tenha nos trazido notícias tão tristes no mundo da gastronomia. Depois da morte do grande chef francês Pierre Troisgros, pai do “nosso” Claude Troisgros e um dos fundadores da nouvelle cuisine francesa, também faleceu hoje, aos 91 anos, uma figura muito importante para o universo da culinária carioca: o lendário Basílio Augusto Moreira, um dos fundadores do Angu do Gomes, o bar que leva a marca sexagenária das carrocinhas de fubá quentinho com miúdos de boi que já foi ícone da gastronomia popular do Rio e segue presente até hoje, no Largo de São Francisco da Prainha.

Seu Basílio tinha acabado de fazer 91 anos, dia 18 de setembro. Um alento no meio da situação conturbada que vive a gastronomia carioca, e da qual o Angu do Gomes não escapou, tendo que fechar uma de suas filiais algumas semanas atrás. Mas a matriz no centro da cidade segue firme, conduzida pelo seu neto, Rigo Duarte.

Carrocinha AG
(Arquivo pessoal/Divulgação)

A casa no centro surgiu depois de alguns anos de sumiço da marca – as carrocinhas já não circulam mais pela cidade desde os anos 80 – e ajudou o Angu do Gomes recuperar o velho prestígio. Sempre com a eterna receita de angu de Seu Manuel Gomes, acrescida de um cardápio cheio de novidades. Mesmo depois de se aposentar, Seu Basílio era presença constante no bar, onde recebia fregueses, contava histórias e relembrava os tempos áureos do velho Angu do Gomes.

A marca do angu mais carioca que já existiu começou com uma barraquinha na Central do Brasil, em 1955, numa sociedade entre Basílio e Jão Gomes, filho do seu Manuel, criador da famosa receita. Sucesso imediato, o Angu do Gomes chegou a ter mais de 80 unidades espalhadas por toda a cidade. No seu auge, nos anos 70, tinha entre seus fãs gente como Tom Jobim, Sérgio Mendes, Ruy Castro e João Nogueira. Este último fez, inclusive, uma canção que fala do angu: Espere Oh! Nega:

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Espere oh! nega
Que o dia vai chegar
Espere oh! nega
Que o dia vai chegar
Porém, por enquanto, quando sentir fome
Um angu do Gomes, já dá prá enganar
A digestão é caminhando a beira-mar

Seu Basílio morreu na manhã de hoje, devido a complicações respiratórias.

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