Rodrigo Roca, de 45 anos, é o terceiro advogado que assume a defesa de Sérgio Cabral, preso desde maio em Benfica, depois de uma temporada em Bangu, onde ficou por seis meses. Ao contrário dos outros colegas, Roca promete lutar até o fim pela absolvição do ex-governador, que responde a catorze processos, treze no Rio e um em Curitiba.
Você acha que o seu cliente é inocente?
Sim! O que existe é a palavra de delatores e planilhas impressas para provar o que os colaboradores estão dizendo. Quando perguntamos onde estão os arquivos eletrônicos para fazer uma perícia detalhada, séria, eles dizem que não têm mais. São provas frágeis.
As joias não são prova da corrupção?
Que joias? As que foram apreendidas não chegam perto do que estão atribuindo a ele. O que está acontecendo hoje é que as empresas estão se aproveitando da situação para legalizar as suas falcatruas. Todo mundo sabe que algumas lojas vendem joia sem nota.
Mas ele mesmo admitiu que comprou joia…
Comprou para presentear a mulher, uma ou duas vezes. E com dinheiro de sobra de campanha. Criou-se o mito de que o Cabral era um comprador voraz de joia!
E não era mesmo?
Tenho certeza de que estão mentindo. Perguntaram a uma diretora da H.Stern quem eram os outros clientes que compravam sem nota. O juiz indeferiu a pergunta. A verdade é que essas joalherias venderam joias a várias pessoas, mas, para preservar o negócio, estão apontando o dedo só para o Cabral.
Sobre o pagamento de propinas, o que o senhor tem a dizer?
Isso é outra mentira! As contas não fecham. Os delatores dizem que ele cobrava 5% em cima dos valores das obras no estado. Se isso fosse verdade, os contratos seriam impraticáveis.
Você acha que ele vai ser solto?
Eu trabalho para isso, luto por uma absolvição. Se não conseguir a liberdade, espero uma medida cautelar alternativa, como monitoramento eletrônico. O Cabral está sendo injustiçado.
Como ele está na prisão?
Confiante, com o espírito forte. Mais do que ninguém, ele sabe que os delatores são mentirosos e que, um dia, a verdade virá à tona.