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Carla Knoplech

Por Carla Knoplech, jornalista e especialista em conteúdo digital Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

9 tendências do mercado de conteúdo digital para 2024

De Inteligência Artificial generativa a perfis Daily no Instagram, confira as novidades que vão guiar o cenário da internet ao longo deste ano

Por Carla Knoplech
Atualizado em 17 jan 2024, 22h55 - Publicado em 17 jan 2024, 22h06
De Inteligência Artificial generativa a perfis Daily no Instagram, confira as novidades que vão guiar o cenário da internet ao longo deste ano
O que esperar para 2024? Confira abaixo.  (Divulgação/Divulgação)
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Gosto sempre de começar o ano elencando o que li de melhor nos grandes reports de tendências, misturando isso à minha experiência do dia a dia como diretora de agência e adicionando uma pitada final de feeling que tem origem na observação do que as comunidades digitais estão falando. Confesso que montar a lista desse ano não foi fácil. Quis deixar de lado todas as obviedades ou tendências que não são marca registrada desse ano para só realmente listar o que vai somar a sua compreensão desse grande caldeirão de informações que será 2024.

Sem mais, vamos a elas:

1 – Influenciadores digitais como infoprodutores

O mercado atual de criadores de conteúdo profissionais pode ser dividido em três tipos principais: o Brand Creator, que tem na propriedade intelectual o seu maior ativo, ele cria para as redes sociais e extravasa para o mundo real de tão forte que a sua marca é; o Social Creator, que tem a sua comunidade como maior ativo e cria basicamente dentro das redes sociais; e o Business Creator que tem como maior ativo a sua especificidade, ele é um profissional do seu assunto. Agora, sabe o que os três tipos de criadores de conteúdo terão em comum em 2024? Todos eles podem vir a criar infoprodutos, ou seja, conteúdo em formato digital que pode ser distribuído ou vendido pela internet. Esse fenômeno isoladamente é forte o suficiente para subir mais um degrau de especialização no setor de Influência Digital e nas formas que os Creators têm de monetizar seus talentos. Se você se interessa sobre o assunto e quer mergulhar no tema sugiro ver a íntegra do estudo que aponta esse mapa aqui.

2 – Ultra segmentação de conteúdo nas redes sociais

Você já ouviu falar nos perfis Daily? Se não, é uma questão de tempo. Uma tendência forte que tem surgido nas redes sociais, principalmente no Instagram e TikTok, são perfis fechados – em sua maioria – dedicados a documentar a rotina diária dos seus criadores de conteúdo de maneira mais ingênua e menos pretensiosa. E engana-se quem pensa que essa é uma nova prática apenas para influenciadores digitais. Os perfis Daily funcionam para segmentar um assunto em especial para quem não quer bagunçar a linha editorial do seu perfil principal e, por serem perfis não profissionais, estão mais leves e despreocupados, remetendo a uma ingenuidade que era bem comum no início das redes sociais. O paradoxo do digital, entretanto, é que esses perfis estão dando tanto engajamento que já há marcas anunciando dentro dos perfis Daily. Ou seja, tudo volta para o começo.

3 – Branded Entertainment

O filme da Barbie no ano passado redefiniu o mercado de entretenimento com origens publicitárias. Muito além dos 605 milhões de dólares faturados com o longa-metragem, a Mattel popularizou essa estratégia de marketing que envolve a criação de conteúdo de entretenimento com o objetivo de promover uma marca ou produto. Para quem é do meio esse corte vem antes e depois do filme estrelado por Margot Robbie. Ah, e vale a explicação: Branded Entertainment não é Branded Content. No segundo, o objetivo principal é fornecer informações úteis, relevantes ou inspiradoras para o público-alvo, buscando criar uma conexão emocional e autêntica com a marca. Já no Branded Entertainment, para 2024, a busca é por entreter e engajar o público por meio de experiências divertidas, utilizando narrativas envolventes e elementos de entretenimento. Esse segmento ainda tem muito para se desenvolver com filmes, reality shows, documentários e muito mais.

4 – CapCut como rede social

Com o aumento do uso de vídeo na comunicação a cada ano que passa, o aplicativo de edição de imagens CapCut vem ganhando destaque e tornando-se um ecossistema próprio com seus filtros que são tendência por si só, sua usabilidade intuitiva, uma gama de serviços que resolve tudo de básico que um vídeo precisa para ir ao ar e uma biblioteca musical lotada de músicas gratuitas. O aplicativo é irmão do TikTok – ambos são propriedade da chinesa ByteDance – e, ao que tudo indica, cada vez mais o CapCut vai alçar voo solo liderando uma rede de pessoas criativas que se interessam por edição de vídeo e querem mais resultados virais. Eles não confirmam as intenções, mas os mais atentos a experiência de usuário do aplicativo já perceberam as mudanças sutis como as abas “Modelos” e “Inbox” muito mais dinâmicas.

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5 – TikTok como uma rede de educação

E agora falando do queridinho das gerações mais novas, o TikTok vem se afastando gradativamente da sua origem de ser uma “rede de dancinhas” e “músicas-chiclete” para se tornar uma plataforma de educação. A verdade é que o TikTok é a rede social onde você pode literalmente aprender sobre qualquer coisa a partir do famoso UGC (User Generated Content ou Conteúdo Gerado pelo Usuário) o que o torna diametralmente oposto ao Google, por isso, inclusive, o gigante das buscas não só já reconheceu a mudança comportamental nesse sentido como “se juntou ao inimigo” começando uma parceria de indexação onde os resultados de conteúdo do TikTok estão aparecendo no alto das pesquisas do Google. É fato. O TikTok não quer se tornar o Instagram, ele quer virar uma rede social complementar ao Youtube (que é do Google) onde se possa aprender com material feito por pessoas. Aliás, também por isso, vídeos mais longos que têm alta retenção do usuário estão com entregas ótimas na rede social chinesa.

6 – O escapismo “Delulu”

Com o excesso de realidade, estímulos e cobranças no ambiente digital, a Geração Z está aderindo ao movimento “Delulu” que faz menção a palavra “delusional” ou “delirante” em português. Essa nova tendência é basicamente o ato de se “desconectar” da realidade e fingir que se é um personagem para conquistar o que quer. Se você colocar essa hashtag nas redes sociais vai encontrar uma série de pessoas manifestando somente coisas boas, romantizando a sua própria vida (apesar das dificuldades) e acreditando que irão alcançar tudo o que almejarem. Imagino que nesse momento você já tenha revirado os olhos e sim, eu também estou problematizando a questão. O escapismo parece ser inofensivo, mas pode trazer danos ao gerar desconexão com o presente e deixar os jovens demasiadamente acomodados e sem ação. Eu sei que é surreal, mas vale a pesquisa só para entender do que se trata. Essa matéria recente, inclusive, traz ótimos exemplos.

7 – O inbox é a nova comunidade

Com os canais de assinaturas e grupos fechados no inbox das redes sociais, esse local de mensagens diretas foi atualizado do status de apenas um ambiente privado para um espaço de trocas verdadeiras, tal qual uma rodinha de conversas boas em uma festa lotada. E o que isso nos traz, caros leitores? Reais oportunidades de conversão, proximidade absurda com os seus fãs fiéis e vendas significativas para quem realmente pensar uma estratégia focada nesse canal. O consumidor de hoje é levado para o inbox ao manifestar o interesse em uma compra de forma sutil, não como antigamente quando ele recebia aquela resposta terrível de “só passo preço por inbox”. Por conta do ambiente mais reservado, os seguidores se sentem em comunidade e trocam com suas marcas e pessoas preferidas diretamente, sem atalhos e livre de julgamentos. Isso não tem preço.

8 – I.A’s generativas como acessórios criativos

Desconfie de listas de tendências em quaisquer esferas que não considerarem inteligências artificiais para 2024. O assunto onipresente quando falamos de futuro já é uma realidade dentro do nicho de criação de conteúdo digital. Desde fatiar vídeos em cortes virais em poucos segundos até criar imagens ou textos com pouquíssimos prompts de direcionamento, as I.A.’s são verdadeiros acessórios criativos no mercado de quem cria, se usadas de modo correto e ético, é claro. Se por um lado há infinitos caminhos interessantes para o seu uso, por outro, urge a discussão de regulamentação, utilização de créditos autorais e direitos de imagem. Na NRF, maior feira de varejo do mundo, que acabou ontem, em Nova Iorque, falou-se sobre esse uso intencional da tecnologia de maneira responsável.

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9 – Marketing Conversacional

Por fim, mas não menos importante, a certeza de que o mercado de chatbots, que só tende a crescer com a automação de diversos processos e etapas da jornada do consumidor, terá que se especializar cada vez mais em formar conversas com o lead convertido e não simplesmente respondê-lo. Mais um ponto de alcance das inteligências artificiais generativas que vão aprender com as respostas do usuário para assim melhorar o atendimento em tempo real. No mercado B2C, por exemplo, o esperado é que os chatbots facilitem o autoatendimento e possam sugerir produtos de interesse ao usuário, acelerando a compra e alavancando estratégias como o cross-sell.

Acredito que 2024 seja um ano de diversos avanços no digital, em muitas esferas, mas principalmente nos quesitos “geração de dados” (via inteligência artificial ou não), “proximidade” (as pessoas definitivamente querem se relacionar de maneira próxima com quem/o que admiram e isso vai impactar na forma como elas compram dessas marcas e pessoas) e “qualidade em vez de quantidade” (os vídeos mais longos e publicidades mais sofisticadas confirmam esse amadurecimento coletivo). Vamos acompanhar ao longo do ano se vou acertando.

Carla Knoplech é diretora da agência Forrest, de conteúdo e influência digital, consultora e professora.

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