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Carla Knoplech

Por Carla Knoplech, jornalista e especialista em conteúdo digital Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Ninguém sabe qual será o futuro do entretenimento

Uma resposta nada óbvia em uma mesa do Rio2C me fez pensar sobre como não sabemos para onde este mercado está indo

Por Carla Knoplech
Atualizado em 8 Maio 2022, 17h58 - Publicado em 8 Maio 2022, 17h56
Uma visita ao Rio2C e o constatação atual de que pouco se sabe para onde o entretenimento está indo
Uma visita ao Rio2C e o constatação atual de que pouco se sabe para onde o entretenimento está indo (Divulgação/Divulgação)
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Semana passada tive a alegria de testemunhar ao vivo a volta presencial do encontro de parte dos criativos cariocas no Rio2C, evento ótimo de inovação que aconteceu na última semana de Abril e ocupou os dois andares da Cidade das Artes, na Barra da Tijuca. Foi muito bom esbarrar com dezenas de colegas da indústria digital, da música, televisão, cinema, marketing e também assistir a palestras de notáveis players do setor. Passei algumas horas na conferência e ouvi desde o empresário Roberto Medina, do Rock in Rio, até a Head de Diversidade da Amazon Studios, Latasha Gillespie. Mas foi uma aspa em especial que me inspirou a sentar a escrever a coluna desse mês. Em uma mesa intitulada “O futuro do entretenimento”, a produtora de cinema Iafa Britz, da Migdal Filmes, que já produziu sucessos que vão desde a trilogia arrasadora de “Minha Mãe é Uma Peça” até o premiado “Casa Grande”, deu a seguinte declaração quando a palavra foi passada a ela em uma mesa onde estavam outros nomes de destaque do segmento: “Não tenho a menor ideia qual será o futuro do entretenimento”, disse Iafa provocando aplausos de todo o GlobalStage, o maior palco da conferência.

Ao contrário dos seus colegas de mesa que na melhor expressão idiomática que temos “encheram linguiça” sobre o assunto – feito desnecessário principalmente em um evento com público tão especializado – a produtora cinematográfica foi franca e demonstrou não ter a resposta certa para a provocação sem o menor constrangimento, coisa que só vemos em pessoas de grande sabedoria, inclusive. A não-resposta é também um ótimo resumo do mundo que testemunhamos atualmente do lado de cá da bancada, ou seja, de quem cria o entretenimento, seja ele em qual plataforma for. O que temos no momento são ótimas pistas de para onde o mercado criativo está indo, mas daí a cravar qual será o futuro dele são outros quinhentos.

Esta coluna mesmo é um horizonte de leituras e apostas: mascotes virtuais, metaverso, shopstreaming? Ao longo dos anos vou trocando com vocês por aqui tudo de mais insider que enxergo no horizonte, mas o fato é que nunca antes na história da indústria criativa vivemos um cenário com tantas possibilidades, iniciativas e ferramentas para construir o entretenimento que queremos consumir. Se até pouco tempo bastava uma câmera na mão e uma ideia na cabeça, há menos tempo ainda um celular com internet era sinônimo de emissora de TV, transmissão simultânea e conexão com qualquer pessoa. Mas o que vivemos hoje vai muito além. Estamos naquele momento do gráfico de comunicação que vamos estudar daqui a alguns anos e a curva terá feito um novo salto, ancorado por novidades que redefinem tempo, espaço, formato e – porque não – realidade.

No mundo atual, não é a live do que está acontecendo e as opiniões imediatas de quem assiste que ditam as rédeas da conversa. É a criação do que está acontecendo. A realidade é o que o mercado quiser criar e para isso não precisamos mais de atores, sets de filmagem, produção, locação, equipe… Quer dizer, não precisamos se não quisermos, porque o clássico sempre encontrará audiência. O entretenimento pode ser hoje a transmissão em tempo real do Casimiro em seu quarto impactando milhões de pessoas, assim como os grupos que se reúnem no Discord para verem um filme juntos, a minissérie filmada pelo celular em um cômodo durante a pandemia ou os TikTokers de guerra que estrearam há poucos meses trazendo imagens inéditas do conflito na Ucrânia. Quem arrisca dizer qual será o futuro do entretenimento quando mal se compreende o presente? E mais, haverá espaço para o trivial? A julgar pelo remake da novela Pantanal, sim. Os formatos que estão consolidados são a garantia da atenção do público? A julgar pelo “flop” da última edição do Big Brother Brasil, não. O futuro do entretenimento é o desconhecido, o ressignificado, as novas conjunturas, testes de erros e acertos, as apostas de histórias construídas e contadas sob diferentes formas.

Temos ótimas pistas sobre ele, mas o enigma ainda está longe de ser desvendado.

Carla Knoplech é jornalista, fundadora da agência Forrest, de conteúdo e influência digital, consultora e professora

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