Geração Beta representará 16% da população mundial em 2035
Consciência ecológica e alto poder de resiliência serão características fortes neste grupo
O ano de 2025 apresentou ao mundo um novo marco: a geração Beta, que contemplará os nascidos até 2039 e representará 16% da população mundial em 2035, segundo o futurista, especialista em tendências geracionais, Mark McCrindle. O australiano ainda revela em seu artigo “Welcome Gen Beta”, que a inteligência artificial (IA) e a automação já estarão incorporadas à vida cotidiana deste grupo, passando pela educação até o entretenimento:
“Eles serão provavelmente a primeira geração a experimentar transporte autônomo em escala, tecnologias de saúde vestíveis e ambientes virtuais imersivos como aspecto padrão da vida diária. Seus anos de formação serão marcados por uma ênfase maior na personalização – algoritmos de IA adaptarão seu aprendizado, compras e interações sociais de maneiras que só podemos começar a imaginar hoje”, afirma.
Embora aponte como a tecnologia será significativa para a nova geração, por outro lado, o pesquisador apresenta uma preocupação por parte da Gen Z com os males potenciais tecnológicos. Para 36% dos pais da Gen Z, comparados aos 30% dos responsáveis mais velhos da Gen Y, limitar o tempo de tela dos filhos é considerado alta prioridade.
“Como a geração de pais mais experiente em tecnologia, a Geração Z vê os benefícios e o tempo de tela, mas também as desvantagens disso e está rejeitando a tecnologia e a idade em que seus filhos acessam e se envolvem com ela”, explica.
Entre os principais desafios estão os impactos do uso excessivo de dispositivos digitais, que favorecem o sedentarismo e estimulam posturas inadequadas, como a inclinação prolongada do pescoço para olhar telas, conhecida como “text neck”. A exposição contínua à luz azul emitida por celulares, tablets e computadores prejudica a visão e afeta a produção de melatonina, hormônio essencial para o sono, causando insônia e fadiga. Além disso, o tempo reduzido para atividades ao ar livre e brincadeiras físicas pode comprometer o desenvolvimento motor e a saúde cardiovascular das crianças.
No campo cognitivo, o consumo fragmentado e acelerado de informações tende a reduzir a capacidade de concentração e a favorecer um pensamento mais superficial. A sobrecarga de estímulos digitais e notificações constantes pode gerar ansiedade, estresse e fadiga mental, alterando o funcionamento cerebral, especialmente quando a exposição acontece ainda na infância, fase de intensa neuroplasticidade. Esse cenário também levanta preocupações quanto ao desenvolvimento da linguagem e das habilidades socioemocionais, que dependem de interações presenciais mais ricas e diversas.
Já do ponto de vista psicológico, a dependência digital, alimentada por redes sociais e jogos online, cria um ciclo de gratificação instantânea que dificulta a autorregulação emocional. O fenômeno do FOMO (Fear of Missing Out), ou medo de ficar de fora, e a constante comparação com vidas idealizadas na internet alimentam quadros de baixa autoestima e distúrbios de imagem. Casos de cyberbullying, cada vez mais frequentes, reforçam o impacto emocional negativo dessa hiper conexão.
Mudanças climáticas e sociais
As transformações climáticas e sociais globais impactarão a Geração Beta, a ponto de criar uma conscientização ecológica muito forte e o alto poder de resiliência. McCrindle destaca que os Betas terão uma mentalidade mais global e focada na comunidade, enfatizando a importância da inovação não apenas para conveniência, mas para resolver desafios urgentes de seu tempo.
Ondas de calor extremas, eventos climáticos severos, escassez hídrica e perda de biodiversidade. Ao contrário das gerações anteriores, esses fenômenos não serão relatos distantes, mas parte do cotidiano — afetando a rotina escolar, o abastecimento de alimentos e até as formas de lazer. Além disso, crises sociais decorrentes dessas transformações, como migrações forçadas e aumento das desigualdades, estarão mais presentes no noticiário e nas redes sociais que eles consomem. Essa vivência direta com os impactos ambientais tende a criar uma consciência ecológica muito mais enraizada, fazendo da sustentabilidade não apenas um valor, mas uma necessidade prática para o dia a dia.
Ao mesmo tempo, a constante exposição a cenários desafiadores exigirá da Geração Beta um alto grau de resiliência. Desde cedo, eles aprenderão a lidar com instabilidade e adaptação — seja por mudanças nas cidades, no sistema de trabalho dos pais ou no acesso a recursos básicos. A tecnologia, aliada a uma maior conectividade global, também ampliará o acesso a soluções colaborativas, estimulando o pensamento criativo e a capacidade de mobilização. Assim, essa geração tende a unir senso de urgência ambiental a habilidades de resolução de problemas, formando cidadãos mais preparados para enfrentar crises e transformar desafios em oportunidades coletivas.