Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Imagem Blog

Elisa Mendes de Almeida

Por Elisa Mendes de Almeida, jornalista e escritora Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Jornalista e autora dos livros Cozinhar é Amar e Cozinhar é Doar

Receita: Acarajé também é comida de Santo

Os bolinhos deliciosos de pasta de feijão, que podem levar recheio de camarão seco, pimenta, vatapá e caruru, ganharam os restaurantes

Por Elisa_Mendes Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 2 out 2025, 16h57 - Publicado em 22 set 2025, 15h01
Receita de acarajé segue rituais específicos
Receita de acarajé segue rituais específicos e este zelo assegura que o acarajé carregue o axé, a força sagrada  (Divulgação/Reprodução)
Continua após publicidade

Onde estão nossas baianas vendedoras de acarajés, nosso bolinho de feijão fradinho, batido e frito em azeite de dendê? Cresci com elas por toda a parte e sempre me fascinava o turbante, a roupa linda, alva, o sorriso largo fritando seus acarajés. O gosto delicioso, não importava onde, sempre trazia um magnetismo de amor. Hoje, no Rio, encontro poucas baianas com suas bancas; já os acarajés ganharam as mesas de restaurantes com cardápio de comida brasileira e afins.

Os acarajés sempre fizeram parte da nossa cultura, chegaram ao Brasil com os negros vindos da África Ocidental, do povo de Iorubá. São importantes no Candomblé por se tratar de uma oferenda ritual aos orixás: Iansã (Oyá), senhora dos ventos e tempestades, e também a Xangô, dependendo da tradição. A palavra vem do iorubá. Akara significa “bola de fogo”, e Jé significa “comer”, ou seja, comer bola de fogo. Portanto para comer, na minha opinião, somente com muita pimenta, para fazer jus ao nome.

O mais encantador é saber que por aqui, em terras brasileiras, o preparo segue rituais específicos: do bater o feijão até a fritura no dendê. Esse zelo assegura que o acarajé carregue o axé — força sagrada — necessário para chegar ao Orixá. Na Bahia, no início, só as mulheres com iniciação no Candomblé podiam vendê-lo, já que era uma continuação do trabalho religioso. A importância desse ofício para a cultura do nosso país é tamanha que, em 2005, foi registrado no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, o IPHAN.

Esses bolinhos deliciosos de pasta de feijão, que podem levar recheio de camarão seco, pimenta, vatapá e caruru, não são só comida de rua, são também comida de Santo!

Receita de Acarajé:

Ingredientes do Acarajé: 500g feijão fradinho sem casca, 1 cebola, ½ cebola com casca, sal a gosto e 3 xícaras de azeite de dendê para fritura

Continua após a publicidade

Ingredientes do Vatapá: 120g de camarão seco moído (liquidificador) sem os olhos, 70g de amendoim moído, torrado e sem pele, 100 g de castanha-de-caju moída, sem sal e sem torrar, 1 e ½ xícara de farinha de mandioca fina, 300g de cebola processada no liquidificador sem líquido, 1 colher de chá de gengibre ralado, 120ml de azeite de dendê, 1 e ½ litro de leite de coco, camarões grelhados para servir na finalização (opcional), 1 molho de coentro (só as folhas).

Preparo do Acarajé: Ponha o feijão no liquidificador para pulsar aos poucos. O objetivo é quebrar para ajudar no processo de remover a casca , não é tornar uma pasta. Depois coloque de molho em água fria numa bacia bem grande por uma noite, trocando a água, para que saia toda a casca – eu uso coador para pescar a casca que flutua. Lave bem e escorra para secar. Seque também com um pano limpo. Triture no liquidificador e adicione uma cebola, batendo até que fique homogêneo. Em um recipiente alto, com uma colher de pau, em movimentos como pilão, bata bem para criar ar na mistura. Aqueça numa frigideira o azeite de dendê e adicione a meia cebola com casca, pois ela ajuda a não queimar o dendê. Com ajuda de 2 colheres, faça o formato e, delicadamente, ponha para fritar. Retire quando dourado e deixe escorrer o azeite. Seu acarajé está pronto para ser recheado.

Preparo do Vatapá: Bata no liquidificador os camarões, a castanha de caju, o amendoim, a cebola e o gengibre com meio litro do leite de coco fresco. Leve essa mistura para uma panela grande fria e ligue o fogo. Incorpore o restante dos ingredientes em partes, alternando com ½ litro de leite de coco, o dendê e a farinha de mandioca, sempre mexendo com uma colher de pau. Sem parar de mexer, cozinhe o creme por 45 minutos ou até soltar do fundo da panela. Se achar que está grosso, adicione mais um pouco de leite de coco. A farinha deve cozinhar bem.

Continua após a publicidade

Dica: A receita é muito fácil, porém, o processo de remover a casca do feijão requer muita paciência e dedicação. O mesmo digo sobre o vatapá, ele é fácil, mas exige tempo no fogão. Talvez esteja aí o empenho e a presença para pensar e refletir. Eparrey Iansã, senhora dos nossos destinos!

Elisa Mendes de Almeida, jornalista carioca e criadora de conteúdo, é autora de dois livros de receita – Cozinhar é Doar e Cozinhar é Amar. Foi apresentadora de telejornais da TV Globo, TV Manchete, Rede TV e TVE, e hoje se dedica à sua paixão pela gastronomia e à boa mesa. Siga o perfil no Instagram  e o Canal no Youtube para mais receitas.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do RJ

A partir de 32,90/mês