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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Abóboras e carruagens na gangorra do futebol

Extremismo e precipitação das redes acentua queda do torcedor para a alteridade, refletida na relação com os clubes cariocas e com a seleção brasileira

Por Alexandre_Carauta Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 23 out 2025, 18h57 - Publicado em 23 out 2025, 08h08
Rayan comemora vitória com a torcida do Vasco
Rayan rege a torcida vascaína empolgada com a vitória sobre o Flu e com a guinada no Brasileiro (Matheus Lima/Vasco./Reprodução)
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Torcedor é gangorra. Ora o time não presta, o técnico tudo sabota, a grama do vizinho brilha irremediavelmente mais verde. Duas ou três vitórias e a abóbora renasce carruagem, ressuscitada igual Odete.

As redes acentuam essa inconstância. Disseminam suas feições imediatistas, rasas, extremadas. Exilam o equilíbrio.

O fenômeno incide predominantemente sobre os clubes. Mas resvala na seleção desbotada de identidade, beleza, idolatria.

Nem o poderoso Flamengo escapa ao cerco bipolar. Qualquer oscilação transforma em vidraça o semifinalista da Liberta.

“Falta intensidade”, crítica o rubro-negro no boteco. “O Palmeiras é mais eficiente”, compara o colega de copo, igualmente insaciável, dias antes da vitória sobre o rival. O sarrafo nunca esteve tão alto.

O outro extremo não fica atrás. Bastou Samuel Lino largar bem para quase o aproximarem de uma encarnação do Garrincha e confundirem a impetuosa equipe de Filipe Luís com o Santos do Pelé.

Agora é a vez de Pedro, alegria da arquibancada domingo passado, reaver status de craque. “Centroavante da Copa”, crava o torcedor radiante com o 3 a 2 que embola o campeonato.

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Os demais cariocas também caminham entre exageros, precipitações, alteridades. Desenganado não faz muito tempo, o Vasco nada em confetes: time da moda, dizem por aí. “O trem-bala voltou, ninguém segura. Melhor do Brasil”, empolga-se o devoto na saída do Maraca, alma lavada pelos 2 a 0 sobre o Tricolor.

Botafogo e Fluminense lembram um eletrocardiograma. Irregulares, ondulam entre marés fatalistas e otimistas.

A Canarinho entra na dança. Aderna ao sabor de saudosismos e ufanismos assimétricos.

A goleada de cinco nos coreanos acordou o entusiasmo. Sob os condões do treinador italiano, retornávamos ao imaginário dourado pelo jeito dionisíaco de jogar bola e pelos cinco títulos mundiais.

“O Brasil reencontra o Brasil”, empolga-se o comentarista na TV. “Ancelotti acertou a defesa e o ataque”, acrescenta o companheiro de mesa-redonda. Memes decretam o fim da era Neymar. (Se roubam joias do Louvre à luz do dia, o museu a pleno vapor, por que não intuir o hexa no próximo ano?)

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Três dias e três gols japoneses depois, o Brasil se afasta novamente do Brasil. A carruagem renascida empaca.

“Vamos passar vergonha em 2026”, profetizam os apocalípticos. “Pior seleção de todos os tempos”, sentenciam os nostálgicos. “Neymar ainda faz falta. Mesmo fora de forma, é olho em terra de cego”, polemizam fãs esperançosos.

O oito ou oitenta alastra-se com ferocidade radioativa. Contamina prosas esportivas, políticas, econômicas. Inflama até conversas sobre a primavera amena ou a disparada do café. Qualquer dia o extremismo compulsivo vai parar no mate da praia.

Talvez não passe de um surto contemporâneo acentuado pelas paixões do futebol. Talvez, com sorte, logo resgatemos a ponderação e a leveza dos escombros. Elas precisam, nos termos atuais, ganhar minutagem.

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Varal de memórias

Arqueologias afetivas eternizam a infância. Por isso guardiões da memória dos gramados as cultivam religiosamente. Seus olhos reluzem iguais aos de uma criança no recreio em encontros como a feira Geral, sábado agora (25), das 10h às 22h, no Barra Garden.

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Organizada pelo colecionador Luís Quedinho, reúne exposições de camisas, flâmulas, troféus, troca de figurinhas e, claro, muita resenha. “Os destaques são os objetos colecionáveis, mas papos bacanas rolam o dia todo. É uma grande confraternização”, convida Quedinho.

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Inclusão na passarela

A quadra de tênis do Copacabana Palace estende, na noite desta quinta (23), o tapete vermelho a meninas de 11 e 12 anos acolhidas pelo Instituto Futuro Bom. Elas trocam as raquetes ali empunhadas em aulas gratuitas pelo balanço da passarela. Desfilam novo uniforme e, sobretudo, autoestima. Formam a segunda turma das Princesinhas do Copa, iniciativa que agrega esporte, moda, educação, inclusão.

Fundado em 2016 pelo professor de tênis Marcus Fonseca, o Futuro Bom dedica-se à democratização esportiva. Facilita o acesso de crianças e adolescentes pobres à modalidade, como um caminho à transformação de vidas. Três mil jovens – de comunidades como Rocinha, Vidigal, Cruzada – são atendidos no instituto, premiado pela Associação de Tenistas Profissionais (ATP) e pela Rede Hoteleira do Rio.

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Tamanho não define talento

A seleção brasileira de nanismo se apresenta, nesta sexta-feira, no colégio estadual Menezes Vieira, em Niterói. A exibição precede o Jogo pela Inclusão – Tamanho não define talento, que celebra o Dia Nacional do Nanismo (25/10).

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A programação inclui conversas entre estudantes, atletas e ativistas ligados à defesa dos direitos humanos, como a também passista Viviane Assis. Organizadas pela Subsecretaria de Políticas Inclusivas, vinculada à Casa Civil, em parceria com a Secretaria de Educação, as atividades começam às 10h30.

“Iniciativas como o Jogo pela Inclusão mostram que diversidade e respeito caminham juntos. A convivência esportiva e o exemplo dos atletas inspiram esse aprendizado”, ressalta a subsecretária de Políticas Inclusivas, Bia Pacheco.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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