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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Lembretes do queimado redescoberto numa praia de domingo

Banhada com o sol de outono e sabor de infância, brincadeira reforça a vocação esportiva praiana e a importância dos encontros que suavizam tensões urbanas

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Atualizado em 20 abr 2023, 12h39 - Publicado em 20 abr 2023, 12h12
Pôr do sol na praia
 (Foto de Peggy e Marco Lachmann Anke / Pixabay/Reprodução)
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“Queimei”, comemora o garoto. Sorri por todos os poros do franzino corpo de 7 anos. “Trabalho de equipe”, emenda o pai, não menos radiante no meio dos miúdos. Divertem-se com a despretensiosa ternura das cantigas de roda.

Nenhum deles esboça saudade do celular. Descobrem um Elo Perdido, um oásis no engarrafamento digital.

O sol de outono suaviza a cena no playground praiano. Passa quase despercebida, entre mergulhos que desafiam a ressaca, rodas de altinha, entre o badalado beach tênis, o vôlei e o futevôlei, o frescobol e, claro, os goles de caipira, água de coco, cervejinha.

Queimado tem gosto de recreio. Bola surrada, quadrinha marcada com a planta do pé, vento no rosto, muita farofa (viva!), o murmúrio das ondas, e nada mais.

A brincadeira improvisada na manhã de domingo configura não só um doce reforço às diversões costeiras. Representa um triplo lembrete.

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Lembra a graça de nos afinarmos, já cantava Chico, no tempo da delicadeza. Da cooperação. Da leveza. Dos quintais infantis, tantas vezes esquecidos pelo caminho.

Lembra que a realidade não é feita só de chicotadas materiais e imateriais no outro. Não abriga só discriminações estruturais, preconceitos que havemos de triturar até se desfarelarem no pedagógico retrovisor da História.

Aquele queimado lembra que a realidade também acolhe encontros singelos, afetuosos, deliciosos igual à bala que alegra o céu da boca. Refúgios das tristezas e crueldades, imunes à aceleração urbana. Precisamos resgatá-los da exceção.

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De quebra, o joguinho familiar lembra que a praia nos convida a mexer o esqueleto e viver melhor. A ciência atesta que exercícios regulares – adequadamente orientados – formam, ao lado das refeições equilibradas e boas noites de sono, uma potente vacina contra as principais ameaças ao corpo e à mente.

A Organização Mundial da Saúde recomenda pelo menos 150 minutos de atividade física moderada por semana: caminhar, correr, pedalar, nadar, remar, surfar. Meia horinha diária ajuda a prevenir, por exemplo, diabetes, doenças cardiovasculares, excesso de gordura no fígado (esteatose hepática), câncer, depressão.

Se o exercício estiver banhado com a luz do outono, a brisa marítima e um sabor de infância, melhor ainda. Que venha o pique-bandeira!

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Sucesso, mas sem abafar ninguém

O beach tênis revigora a vocação esportiva da praia. O parentesco com o frescobol, a simplicidade e a abrangência etária consolidam as raquetadas na orla carioca.

Expresso na quantidade crescente de redes, o sucesso exige uma efetiva organização. Nos dias concorridos, quadras estrangulam a areia aqui e ali: estendem-se da margem do calçadão à beira d’água. Esses trechos desordenados não combinam nem com a democracia praiana, nem com o espírito lúdico e acolhedor de um esporte que, diria Noel, não quer abafar ninguém.

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Alexandre Carauta é professor da PUC-Rio, doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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