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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

O exemplo de Rebeca Andrade além das façanhas históricas

Aposentadoria no solo lembra importância de respeitar a integridade física e mental, de proteger a saúde da gula esportiva e econômica

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7 ago 2024, 13h51
Rebeca Andrade abraçada à bandeira do Brasil
Rebeca Andrade: mais um ciclo olímpico à vista (Panam Sports/Reprodução)
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Toda Olimpíada indica a fatura do sonho. Expõe uma esgrima constante entre a busca do pódio e a saúde.

Atrás da consagração máxima, superatletas treinam trinta horas por dia, oito dias por semana. Ultrapassam limites com disciplina sobrenatural. Esgarçam músculos, nervos, relacionamentos.

À margem dos holofotes, o sacrifício vira desabafos comuns às frustações e glórias. Extravasam a pressão de perseverar, abnegadamente, sobre o fio da navalha.

Progressos científicos aliviam a barra. Avanços fisioterapêuticos operam milagres na recuperação atlética. Mas não extinguem sequelas proporcionais a desgastes puxados até para a elite da elite.

Algumas sequelas manifestam-se durante a maratona de treinos e competições, como o Burnout que tirou a ginasta Simone Biles dos Jogos de Tóquio, em 2021. Outras explodem quando a poeira das disputas assenta. Prolongam-se como uma sombra inarredável. Perpetuam o fantasma das lesões nos músculos e na alma.

A divina Rebeca Andrade se contorce para exorcizá-lo. Executa uma manobra tão decisiva quanto as que fizeram História.

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A craque da ginástica despede-se do solo não por ter atingido o apogeu na modalidade que lhe rendeu o ouro e o recorde de medalhas entre os conterrâneos. Ela poderia repetir ou superar a façanha. A conta, porém, insinua-se demasiadamente alta até para uma brasileira beijada pelos anjos.

A difícil decisão atende à prudência. Acolhe os alertas de exaustão, e seus múltiplos riscos.

A sabedoria de Rebeca contrasta com a negligência aos avisos do estresse físico e mental prolongado. Não raramente prevalece a gula esportiva e econômica banhada no traiçoeiro pacto com o extremo.

Cobrados sem trégua por resultados grandiosos, inquilinos do Olimpo acabam reféns da cartilhano pain, no gain”. O compasso instrumental da sociedade moderna ajuda a naturalizá-la.

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O equivocado vínculo entre dor e sucesso alimenta a espetacularização esportiva conveniente ao consumo. Frequentemente camuflado por narrativas heroicas, o jogo de interesses boicota sinais de perigo. Sabota a prevenção, a saúde.

A coragem da nossa maior estrela olímpica para se impor ao moinho corporal expande seu brilho. Às conquistas históricas, soma-se o respeito à integridade filológica, emocional, humana.

O exemplo de Rebeca evoca dois importantes lembretes: excesso ou inadequação de exercícios transforma remédio em veneno; e nenhuma ambição (legítima) deveria corromper o zelo com a vida saudável. Até nisso Rebeca dá um show.

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Recado do eterno Oito

Adílio também era sinônimo de show e de exemplos inspiradores. Cativava tanto pelo refino técnico, alegria da arquibancada, quanto pela simplicidade e pelo amparo a ex-jogadores esquecidos à beira da estrada. Impossível não admirá-lo.

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O meia não eternizou a camisa 8 por acaso. Fala mansa, visão larga, jogava igual sorria: fácil, fácil. Orquestrava o escrete de Zico, Júnior, Leandro, Tita, talvez o melhor Flamengo de todos, coroado com o Mundial de 1981.

“Aquele time representa o encontro de duas gerações de grandes talentos. Era uma delícia jogar ali”, recordou o craque, em 2017, num papo sobre o principal título rubro-negro. “Nossas categorias de base sempre foram fortes. Temos de manter a tradição”, completou.

O apelo estende-se a todo futebol nacional. Precisamos germinar e valorizar bambas à feição de Adílio: impetuosos, criativos, ao mesmo tempo poesia e cérebro. Sabemos a diferença que fazem.

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Ultramaratona no Cristo

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O Cristo recebe, nos próximos dias 9 e 10, a final brasileira da Red Bull 24. A ultramaratona de revezamento em esteira começa a ser decidida às 7h desta sexta, por dois times de dez integrantes.

Os corredores se revezam sobre as esteiras por 24 horas, até as 7h de sábado. Ganha a equipe que somar mais quilômetros percorridos.

Duelam no cartão-postal carioca os conjuntos comandados por Fe Pileggi, campeão da seletiva paulista; e por Thalya Hill, vencedor da classificatória paranaense. Participa também da prova a ultramaratonista Fernanda Maciel, recordista de subida ao Monte Vinson, na Antártida. A disputa pode ser acompanhada pelas redes sociais das capitãs, da Red Bull e da Go Pro.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação FísicaOrganizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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