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Esquinas do Esporte

Por Alexandre Carauta, jornalista e professor da PUC-Rio Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Pelos caminhos entre esporte, bem-estar e cidadania

Refúgios onde a Renascença do nosso futebol sobrevive à realidade

Sumido dos times e da seleção, Camisa Oito frequenta as tradicionais comparações entre craques separados no tempo mas unidos na memória

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12 jun 2025, 09h02
O Canhotinha de Ouro, posado com camisa da seleção brasileira de 70 (Acervo Abril/Acervo Abril)
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Irresistível. A tentação de comparar craques e escretes cronologicamente separados perdura irresistível nos botecos, condomínios, escritórios, ardente igual fogueira junina.

Pouco importa se a comparação é irremediavelmente imprecisa, inconcebível, distorcida pelas circunstâncias e sensibilidades distintas, modulada por lembranças e afetos pessoais. Aí está a graça.

Fora Pelé e Garrincha, o melhor Brasil de todos os tempos é, claro, impermeável à unanimidade. Cada um de nós tem a escalação perfeita, infalível.

Leônidas, Zizinho, Rivellino ou Zico? Didi ou Gérson? Tostão, Romário ou Ronaldo? Carlos Alberto ou Leandro? Ronaldinho, Rivaldo ou Neymar? Ninguém é louco ou ingênuo o bastante para cogitar um gabarito. Nem as fadas ousariam concebê-lo.

A Copa de clubes e o novo recomeço da Canarinho aquecem a tradição. O passado vira refúgio ao progressivo fosso em relação às melhores equipes da Europa.

Os botequins decretam: nenhum selecionável atual jogaria nas seleções vitoriosas, sobretudo nas de 58 e 70. O estio de craque – craque à vera – e de brilho descarta o exagero saudosista.

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Anda cada dia mais difícil incluir um talento contemporâneo nesses tira-teimas canônicos. Ganha uma canjica de vó quem se lembrar do nosso último maestro ou grande cobrador de falta.

A estiagem se reflete no déficit de criatividade avesso à identidade e à reputação brasileiras nos gramados. Retrato do longo cochilo na formação de armadores.

Raridade mundial, o clássico Camisa Oito rima antevisão enxadrista com uma inteligência tática sobrenatural e uma elegância admirada até pelos adversários. Dizem que joga de terno.

Clarividente por natureza, o Oito fareja atalhos que nem a arquibancada intui. Combina passes e lançamentos com destreza poética. As estatísticas hoje o aclamariam rei da assistência.

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Em vez de lustrá-lo, categorias de base o deixaram escorrer pelos vãos de um pragmatismo míope: menos preocupadas em desenvolver preciosidades do que vencer, o trocaram por mais um Camisa Cinco. Voluntarioso, versátil, eficiente, ainda assim um Camisa Cinco.

Pouco a pouco os volantes povoaram o meio. Talvez porque os técnicos, a matemática, os gurus da objetividade acreditem que isso torna o time competitivo, afinado às exigências físicas, táticas, científicas. Ou porque, numa ilusão diabólica, confiamos que carregadores seriam suficientes ao concerto do piano.

Felizmente o Oito e o Dez continuam indestrutíveis no imaginário, na memória, nos duelos de posteridade. Neles a Renascença da bola sobrevive à realidade.

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Viva o lançador

Gérson é dos bambas renascentistas que o Brasil brasileiro legou à eternidade. A canhota milimetricamente dourada assombrava os rivais, encantava a galera, consagrava os atacantes. Era questão de tempo tamanha inspiração virar honraria.

O Camisa 8 da inesquecível seleção tricampeã batiza o prêmio recém-criado ao melhor lançador da temporada. Torçamos para que a iniciativa do jornalista Eraldo Leite resgate a importância esportiva, estética e cultural dos lançamentos.

Apresentador da mesa-redonda dominical Bola em Jogo, Eraldo tabela com Gérson nos microfones da Rádio Tupi. Tomara que não lhes faltem bons candidatos ao oportuno troféu.

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Capital da corrida

O Rio caminha em lua de mel com a corrida de rua. Reúne cada vez mais provas que agregam música, gastronomia, brincadeiras, como a Asics Golden Run, a Maratona do Rio e a estreante Prio Jockey Club. A coluna publica, a partir da próxima semana, uma série de entrevistas com organizadores desses festivais capitaneados pelo esporte. Eles detalham as programações, explicam estratégias de inclusão e apontam por que a cidade acolhe uma quantidade crescente de praticantes e competições.

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Alexandre Carauta é jornalista e professor da PUC-Rio, integrante do corpo docente da pós em Direito Desportivo da PUC-Rio. Doutor em Comunicação, mestre em Gestão Empresarial, pós-graduado em Administração Esportiva, formado também em Educação Física. Organizador do livro “Comunicação estratégica no esporte”.

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