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As NOVAS vozes da cena musical brasileira contemporânea

Lirinha e seu Cordel que canta e (me) encanta

Os tempos são outros, duros e loucos, mas pra minha IMENSA alegria, eles estão de volta com a mesma verve artística e contestadora que me arrebatou.  

Por Fabiane Pereira
Atualizado em 21 mar 2018, 11h35 - Publicado em 21 mar 2018, 11h21
 (Tiago Calazans/Facebook)
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O nordeste brasileiro é minha região preferida. Vou menos pra lá do que gostaria mas todas as vezes que piso naquela terra, meu corpo sente. Graças ao nordeste, o mundo conheceu a arte de Luiz Gonzaga, Gil, Caetano, Zé Ramalho, Raul Seixas, Carlinhos Brown, Ivete Sangalo, Moraes Moreira, Pepeu, Naná Vasconcelos, Baby, Pitty, Baiana System, Chico Science, Cordel do Fogo Encantado e tantos outos.

Foi em Recife, há mais de uma década, que conheci José Paes de Lira, o Lirinha do Cordel. Poderia descrever cada detalhe daquele show. Talvez tenha sido o primeiro show – já adulta e trabalhando com música – que me atravessou de uma maneira tão arrebatadora que eu precisei de uma semana pra me recuperar física e emocionalmente. Anos depois, no Rio, um outro show do Cordel me levou pra lugares – assim no plural – que mudaram a trajetória da minha vida. Mas isso é papo pra outra coluna.

O Cordel do Fogo Encantado é uma banda nascida de uma performance teatral, revolucionária (e vanguardista como toda revolução) por misturar poesia, música e a tradição do cordel – originária do nordeste brasileiro. Após lançarem três discos – Cordel do Fogo Encantado (2001), O Palhaço do Circo Sem Futuro (2002) e Transfiguração (2006) – a banda anunciou seu fim. E apesar de saber que nada dura pra sempre, é difícil se acostumar com a finitude das coisas.

Mas os tempos são outros, duros e loucos, e pra minha IMENSA – assim com todas as letras maiúsculas – surpresa e alegria, eles estão de volta com a mesma verve artística e contestadora que sempre me arrebatou.  O quarto álbum, Viagem ao Coração do Sol,  chega nas plataformas digitais no dia do meu aniversário (6 de abril) e isso sim é um baita presente do universo. Produzido pelo expert Fernando Catatau, o primeiro single, Liberdade, A Filha do Vento, já foi lançado e é o fio condutor da história criada pelo Cordel para este novo trabalho.

O primeiro show no Rio está marcado pro dia 28 de abril no Circo Voador (onde mais seria?). Aliás, ingressos à venda aqui.

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(Tiago Calazans/Facebook)

Ontem, pela manhã, liguei pro Lirinha (#euamomeutrabalho) e bati um papo rápido com ele sobre esta volta. Divido com vocês parte desta conversa. No mais, nos encontramos no Circo.

Fabi Pereira: Por que você saiu da banda em 2010 e o que fez você decidir retomar os trabalhos com o Cordel em 2018?

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Lirinha: Minha escolha, minha decisão de sair foi puramente artística. Eu fui buscar novas experiências musicais. Boa parte destas experiências estão registradas nos meus dois discos solos. Queria me envolver mais no cancioneiro e ter outras experiências estéticas. Foi um período de muitas descobertas e criações. Oito anos depois, estamos voltando num mundo completamente diferente muito por causa da revolução tecnológica responsável pela mudança nas relações de comunidade e na experiência de coletividade. Esta volta, inaugura também um novo canal, um novo contato da banda com os ouvintes da banda através da tecnologia. Há oito anos, quando paramos, o mundo era muito diferente.

Fabi Pereira: O que “Viagem ao Coração do Sol” resgata ou traz de diferente dos outros três álbuns?

Lirinha: Sair de dentro da terra em direção ao sol. Este sol como símbolo de florescimento, de iluminação, de renascimento, de novidade. Um dos versos do disco diz que “chegou a bela hora de raiar” e a partir desta criação, desta ideia ficcional fomos construindo esta narrativa. Acho que isso é o que este trabalho tem de diferente. Porém voltamos com a mesma formação – são quatro instrumentos percussivos e um harmônico – e continuamos com a mesma estrutura do Cordel além de usarmos a poesia como fio condutor. Estas são as características definidoras da banda e o que alinha os quatro trabalhos.

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Fabi Pereira: O que mudou no garoto pernambucano que sonhava viver de música pro artista consagrado com projeção nacional que hoje você se tornou?

Lirinha: As mudanças são características da nossa existência. Quando eu volto a Arco Verde, cidade em que nasci e fui criado, local das minhas origens, eu percebo que meus amigos também mudaram. Me sinto muito feliz pelo amadurecimento psicológico. Este amadurecimento reflete diretamente na minha criação. Vou me conectando as mudanças do mundo e do outro e assim vou me modificando também.

*** Por fim mas jamais menos importante: #MariellePresente

 

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