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Fernanda Torres

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Rádio Dutra

Fecho este artigo antes da passagem de 2013 para 2014. Espero que nenhuma desgraça tenha coroado o Ano-Novo, mas as chuvas de dezembro último alertam para os perigos de janeiro. O primeiro mês do ano assombrou Angra dos Reis em 2002, Ilha Grande em 2010 e Friburgo em 2011. Tomara que, desta vez, o céu […]

Por Daniela Pessoa Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
Atualizado em 25 fev 2017, 18h50 - Publicado em 27 dez 2013, 17h37

Fecho este artigo antes da passagem de 2013 para 2014. Espero que nenhuma desgraça tenha coroado o Ano-Novo, mas as chuvas de dezembro último alertam para os perigos de janeiro. O primeiro mês do ano assombrou Angra dos Reis em 2002, Ilha Grande em 2010 e Friburgo em 2011. Tomara que, desta vez, o céu nos dê uma trégua.

Fui uma das que encalharam na Dutra no dia 11 passado. Eu estava no carro, voltando de São Paulo, quando fui informada por telefone de que uma tromba-d’água havia criado bolsões de alagamento, interrompendo o fluxo da rodovia na altura de Queimados. Guinei para as montanhas de Itamonte e pernoitei no hotel São Gotardo, até a situação se acalmar.

Cerca de 4 000 famílias perderam a casa naquela tarde. No dia seguinte, acordei imersa na neblina da serra e liguei a TV atrás de notícias.

A retrospectiva do caos tomou a tela. Os canais cobriam o sofrimento de Austin e Nova Iguaçu, pais de família choravam diante dos escombros de sua residência, mas não havia uma notícia sequer sobre a condição das estradas. Nenhuma reportagem era dirigida aos que, como eu, não sabiam se poderiam seguir, ou não, viagem.

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Lembrei-me dos informes meteorológicos dos americanos, a que assisti rotineiramente no período em que vivi por lá. Acostumados a enfrentar intempéries violentas, os Estados Unidos têm por hábito avisar seus cidadãos sobre o risco de ser surpreendidos por uma nevasca ou um furacão tropical.

E, mesmo com os alertas, as catástrofes, muitas vezes, não conseguem ser evitadas. Mas o americano acorda, liga a TV e sabe o que deve esperar do seu dia. Aqui, é sempre uma incógnita.

O Brasil tem clima ameno, gostamos de pensar assim.

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Mas as chuvas de verão sempre existiram. Em 1966, metade do Rio de Janeiro desabou por causa das enxurradas. As mudanças climáticas ameaçam nos tirar definitivamente dessa zona de conforto. É preciso entender que a previsão do tempo não é o horóscopo. Dela, esperam-se, além da temperatura, um esclarecimento sobre o trânsito, as rodovias, uma ideia do que o leitor, ou espectador, vai encontrar depois de bater a porta de casa.

A rádio CCR FM 107,5 me salvou da ignorância naquele dia fatídico. Sem saber se podia continuar reto, entrei no carro disposta a seguir por um caminho alternativo, via Vassouras, receosa de que o trajeto secundário também estivesse interditado. O voo cego terminou quando sintonizei a estação da Nova Dutra.

Boa música, reportagens e, o que é mais importante, informações constantes e precisas sobre o que me esperava à frente. Graças a ela, evitei a longa aventura pelas vicinais de mão dupla, debaixo de neblina, e atravessei confiante a Baixada.

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A iniciativa ensina imenso. Um veículo de informação competente é algo relativamente barato e que pode salvar tempo, dinheiro e vidas. Agradeço à rádio a volta tranquila para casa e sugiro a criação de uma rede de comunicação nas estradas que siga o modelo.

Deus nos proteja em 2014. Deus, Zeus, um bombeiro, um herói ou um locutor que nos acenda uma luz na tempestade. É certo que elas virão.

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