Câncer de pâncreas: silencioso e agressivo, porém tratável
Os casos aumentam em população cada vez mais jovem
É sempre de grande utilidade quando uma pessoa, com projeção junto ao grande público, usa a mídia e suas redes sociais para colocar foco em algum tipo de doença. É o que acaba de acontecer com a luz que o apresentador de TV Edu Guedes jogou sob o câncer de pâncreas, uma doença silenciosa, agressiva e, quando não diagnosticada precocemente, aumenta a chance de letalidade. Guedes foi diagnosticado com a doença e operado para retirada do tumor no órgão. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a estimativa é que quase 11 mil casos da doença ocorram por ano, 5,07 a cada 100 mil pessoas.
O câncer de pâncreas é o 14º tipo de maior incidência, correspondente a 1,6% da totalidade de casos de câncer registrados no país (excluindo o câncer de pele não melanoma). Apesar de sua incidência relativamente pequena, o câncer de pâncreas é responsável por cerca de 5% dos casos de óbito.
Além de ser extremamente agressivo, um dos fatores que contribuem para que sua incidência seja letal é que o câncer de pâncreas apresenta poucos sintomas, o que faz com que seja detectado, muitas vezes, em estágios mais avançados. Entre os sintomas mais comuns estão perda de peso, dor abdominal, icterícia e vômitos.
Fora do Brasil não é diferente. Nos Estados Unidos, por exemplo, o câncer de pâncreas também é o que tem a menor taxa de sobrevida: apenas 13,3% dos diagnosticados permanecem vivos cinco anos após a descoberta da doença. Apenas a título de comparação, número bem inferior a outros tipos de câncer, como mama (91,6%) ou próstata (97,9%). A partir do diagnóstico, um especialista irá decidir se o paciente deve ou não ser operado, além de recursos como quimioterapia. Nos Estados Unidos, apenas 10% dos pacientes são diagnosticados a tempo de tratar a doença cirurgicamente. Quase 90% dos casos são descobertos quando o paciente apresenta metástase.
Assim como outros casos de câncer, alguns fatores de risco estão diretamente associados a um estilo de vida pouco saudável: obesidade, diabetes tipo 2, tabagismo, consumo excessivo de álcool, alimentação desregrada, além de idade e hereditariedade.
É fundamental deixar claro que nenhum tipo de câncer é, necessariamente, uma condenação. Ao contrário, existe tratamento, cura e, acima de tudo, prevenção apoiada em check-ups periódicos preventivos e um estilo de vida saudável: com alimentação equilibrada, prática de exercícios físicos, noites reparadoras de sono, baixo consumo de bebidas alcoólicas e distância do tabagismo. Desta forma, é possível se conquistar maior qualidade de vida e, portanto, longevidade com autonomia e independência.
Saúde é prevenção!
Gilberto Ururahy é médico há mais de 40 anos, com longa atuação em Medicina Preventiva. Em 1990, inaugurou a Med-Rio Check-up, líder brasileira em check-up médico e medicina preventiva. É detentor da Medalha da Academia Nacional de Medicina da França, é membro honorário da Academia Brasileira de Medicina de Reabilitação e coautor de livros: Como tornar-se um bom estressado (editora Salamandra), O cérebro emocional (Rocco), Emoções e saúde (Rocco) e Saúde é prevenção (Rocco, com o médico Galileu Assis). Ururahy é diretor da Câmara Americana de Comércio para o Brasil (Amcham Rio) e Chairman do Comitê de Saúde e diretor da Câmara de Comércio França-Brasil e Coordenador do Comitê de Saúde.