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Julia Golldenzon

Por Julia Golldenzon, estilista carioca Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Biquíni ganha museu na Alemanha

Exposição com mais de 400 peças conta a história deste item revolucionário de moda

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Atualizado em 10 dez 2020, 14h12 - Publicado em 4 nov 2020, 20h01
 (Bikini Art Museum/Reprodução)
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É impossível falar sobre história da moda brasileira sem citar a moda praia. O biquíni tem tamanha importância no Brasil que as grifes de beachwear dividem espaço com as maiores marcas de moda do país nas semanas de moda brasileiras. Para celebrar o duas peças, foi inaugurado o Bikini Art Museum, na Alemanha, com uma exposição de mais de 400 peças entre biquínis e maiôs, desde 1870 até os dias de hoje.

Localizado no sul da Alemanha, em Bad Rappenau, o museu têm à frente seis brasileiras que prestaram consultoria para a mostra, de um total de 15 experts convidados a compor o time sob a direção do dono do museu, o empresário alemão Alexander Ruscheinsky. Entre elas, está a modelo e estilista Magda Cotrofe, uma espécie de embaixadora do museu na América Latina. “A história do biquíni está ligada à historia do empoderamento da mulher. Representa a luta para podermos mostrar o corpo como quisermos, com liberdade de usar duas peças.  Por isso a estátua que representa o museu tem uma luva de boxe”, conta Magda.

A estátua de 10 metros de altura que ocupa a fachada do museu foi criada pela artista carioca Doris Geraldi e ganhou o nome indígena Janara, que significa “princesa das águas frescas” e foi inspirado no nome da pesquisadora Janara Morenna, doutora em Artes & Design pela PUC-Rio e especialista em moda praia, que compõe o time de especialistas do museu alemão.

Na exposição, o Brasil é tema da segunda maior sala, onde são exibidos vídeos do Rio e de Búzios, que mostram o estilo de vida pautado pela praia, fotos e peças de marcas que fizeram história no beachwear como BumBum, Lenny Niemeyer, BlueMan, Adriana Degreas, Rosa Chá e Triya. Um dos itens em exibição é o maiô engana-mamãe da Salinas, criado por Jacqueline De Biase, que traz o Cristo Redentor de braços abertos, que foi desfilado no Fashion Rio, no início dos anos 2000, por Mariana Weickert. A peça, que estampou as capas dos jornais do dia seguinte, foi censurada pela Diocese do Rio por consideraram uso indevido de imagem sem autorização.  Embora tenha ficado famoso, o maiô foi proibido de ser comercializado.

O museu celebra também musas brasileiras. A mostra reúne perfis e fotos de grandes modelos, cantoras e atrizes que contribuíram para tornar o biquíni um item fashion, como Carmen Miranda, Leila Diniz, Vera Fischer, Rose di Primo, Helô Pinheiro e a própria Magda Cotrofe, que foi modelo da BumBum quando Cidinho Pereira lançou o biquíni asa delta e fio dental., que marcou os anos 80 e está de volta às praias. Além do beachwear, estão expostas também fantasias de madrinhas de bateria do carnaval como elementos fundamentais desta trajetória que fez da moda praia um item de luxo no Brasil.

O acervo do museu reúne um total de 3 mil itens, entre eles, raridades como 12 das 16 peças originais criadas por Louis Réard, que inventou o biquíni em 1946, em Paris, e dois dos biquínis mais famosos do cinema: o branco usado pela bond girl interpretada por Ursula Andress no primeiro filme da saga “007” (1962) e o de Brigitte Bardot no filme “E Deus criou a mulher” (1956).

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Com um investimento de mais de R$ 40 milhões, o projeto foi idealizado pelo empresário Alexander Ruscheinsky, que se dedica à criação e implementação do museu nos últimos dez anos. No total da exposição, que acaba de entrar em cartaz, estão quase 500 roupas de banho e mais 250 obras de arte criadas a partir do tema. No próximo dia 10, o Bikini Art Museum recebe estilistas de moda praia, como Amir Slama e as donas da Triya, e faz uma homenagem a Helô Pinheiro, a eterna “Garota de Ipanema”. No final de outubro, foi realizado um brunch no Rio com players da moda praia como Lenny Niemeyer, Cidinho Pereira, Nicole Degreas e Sharon Azulay, para celebrar este projeto que por sua dimensão e investimento já é um marco também na história do biquíni.

Para a lendária editora de moda americana Diana Vreeland, “o biquíni é a invenção mais importante do século XX depois da bomba atômica”. Exageros à parte, pelas lentes da moda, eu assino embaixo. Ao menos no Brasil, o biquíni foi revolucionário.

Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome. 

 

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