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Julia Golldenzon

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Coronavírus: quando tudo passar, pense também na economia local

Não sabemos se nossas marcas resistirão ao confinamento, mas esta é só a ponta do iceberg

Por Julia Golldenzon
20 mar 2020, 16h22
Fechar o espaço físico do ateliê para preservar vidas. (Divulgação/Reprodução)
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Estamos todos refletindo sobre o modo como vivemos e comprometidos a ficar em casa, contribuir para o achatamento da curva de contágio por coronavírus e não sobrecarregar o sistema de saúde. Salvar o maior número de vidas é o que está nos motivando e, sim, nos transformando como pessoas. Como cidadã, filha, mãe, mulher, tenho repetido a todos: fiquem em casa, fiquem em casa, fiquem em casa. Quanto mais separados estivermos agora, mais rapidamente voltaremos à vida normal.

Mas não posso negar que além de mulher, mãe, cidadã e filha, penso também como estilista e empresária. Certamente, nós, os pequenos empresários, estamos vivendo o momento mais difícil de todos. Estamos lidando com uma situação inédita de enorme incerteza e ansiedade. Diante de um cenário absolutamente imprevisível, nós não sabemos se nossas marcas resistirão ao confinamento, mas e esta é só a ponta do iceberg.  

Embaixo, submerso, está uma enorme responsabilidade diante dos nossos funcionários e colaboradores. Não é só sobre uma marca, é sobre o sustento de dezenas de famílias que dependem diretamente do nosso negócio. Num ateliê como o meu, voltado para festas e casamentos, este time inclui vendedoras, gerentes, bordadeiras, costureiras, modelistas, entre outros.

Fechar o espaço físico da loja logo no primeiro momento foi uma decisão tomada sem dúvida alguma e em prol da saúde coletiva, mas veio acompanhada de muita preocupação. Estamos voltadas para o atendimento de vendas pelo WhatsApp e online de modo que as funcionárias possam trabalhar ao máximo de suas casas. Humanizar os processos e a comunicação tem sido importante, inclusive na relação com as clientes, a quem consideramos grandes parceiras pelo fato de conhecermos cada uma, resultado do nosso convívio tão íntimo no ateliê. Como todo mundo, estamos vivendo um dia de cada vez, lidando com a necessidade de tomar decisões desafiadoras.

Todos nós sairemos mais resilientes, com uma capacidade maior de se recuperar de situações de crise e aprender com ela, tentando ao máximo manter os pensamentos otimistas. E, além de tantas coisas, o que este vírus também pode nos ensinar como cidadãos é valorizar o comércio local. Tenho pensado sobre isso cada vez mais, não apenas como empresária, mas também como cliente. Quando tudo isso passar – e vai passar – não se esqueça de fortalecer e prestigiar os produtos e serviços de que você sempre gostou: o jornaleiro da esquina, a padaria logo ali, a loja de jovens designers, o ateliê, a lojinha de sapatos, o restaurante da sua rua.

Os comerciantes, especialmente os pequenos, vão precisar de todos nós para reconstruir suas empresas, que em menos de uma semana já estão sofrendo o impacto econômico, e assim voltarem a ser fonte de renda e de empregos para tantas famílias. Quando tudo isso passar – e vai passar – pense também na economia local, nos empregos, nas famílias.

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