Os pijamas (superchiques) do Caetano
Cantor comemora 78 anos nesta sexta com transmissão, e Paula Lavigne pergunta: ‘Você vai fazer a live de pijama?
Que Caetano Veloso é um dos cantores mais elegantes da música brasileira não é novidade. O público acompanha há décadas seus looks, desde os mais irreverentes no início da carreira aos mais sóbrios e sofisticado dos últimos anos. Com a pandemia e as redes sociais, descobrimos que Caetano mantém a mesma elegância dentro de casa, com uma coleção de pijamas clássicos de capotar: um mais chique que o outro. Nesta sexta-feira, quando comemora 78 anos e faz sua primeira live, qual será seu figurino?
Os looks caseiros do cantor foram revelados pouco a pouco durante a quarentena nos vídeos e flagras divertidos de sua mulher, a empresária Paula Lavigne, em sua conta de Instagram. Dia a dia, desde o início do isolamento social, ela posta momentos e conversas deles em casa, os quais chama com humor de “nossa novelinha”, em que Caetano fala sobre assuntos variados, de kombucha e paçoca, passando por Chaves e os filósofos Heidegger e Nietzsche até sua até então insistente resistência a fazer uma live.
Entre um vídeo e outro, pudemos saber indiretamente que Caetano ama ficar de pijama em casa. Mas não é qualquer modelo, não. Se pijama o dia todo te remete a pessoas mais, digamos, largadas, você precisa conhecer os pijamas do Caetano. São todos do modelo clássico, composto por calça e camisa, com detalhes nos punhos e no bolso. Um mais chique que o outro, em tecidos variados: seda, algodão, malha, flanela. Um é branco com rolotê preto nas golas e punhos. Outro é xadrez tartan vermelho, padrão de origem escocesa que ganhou a moda ao ser usado pelos punks no fim dos anos 70. Outro é azul listrado de branco.
“O Caetano gosta destes pijamas tradicionais, que nem sempre são fáceis de achar no Brasil, como os de flanela. Compramos muitos lá fora. O bom foi que antes da quarentena ele estava abastecido de pijamas por conta das viagens da turnê, onde acabamos comprando alguns”, conta o stylist Felipe Veloso, que trabalha com Caetano há duas décadas.
Não é de hoje que Caetano sabe tudo de moda e comportamento. Em vez de seguir tendências, ele sempre soube captar o contexto do momento e traduzi-lo no visual, ampliando seu modo de se comunicar com o mundo. Foi assim nos anos 60 e 70, com looks que dialogavam com a liberdade e que são referência até hoje. Foi assim no final dos anos 90 quando começou a se apresentar com figurino mais clássico, com ternos e ombreiras, traduzindo o mundo globalizado e internacionalizado.
Nos anos 2000 ganhou uma sofisticação informal com looks assinados por Felipe Veloso – um dos nomes mais criativos da moda brasileira. A parceria entre eles começou na turnê do álbum “Noites do Norte”, lançado em 2000, em que o cantor e compositor surgiu no palco com um visual mais sóbrio e todo de preto, com t-shirt Alexandre Herchcovith. “Caetano é uma pessoa muito fácil de vestir, porque tem um temperamento ótimo, expressa o que gosta, tem um olhar apurado, especialmente para novidades, e um interesse gigante. Ele acrescenta muito à roupa com o seu movimento de corpo no palco, por exemplo, dobrando um punho, subindo uma manga, abrindo a jaqueta. E além disso ele é atemporal, é jovem, tanto que os filhos às vezes usam roupa dele”, conta Felipe, que não acredita no trabalho de styling como alguém para “montar looks”. “O que faço com ele e todos as pessoas com quem trabalho é conduzir e orientar a partir da minha observação de como a pessoa se veste, como está o temperamento dela naquele dia e o que ela quer vestir. Um stylist precisa estar aberto e ser flexível, entender cada ocasião”.
Nesta sexta-feira é aniversário do Caetano e ele finalmente vai fazer a tão falada #LiveLenda no programa de Marcelo Adnet. Ainda não sabemos seu figurino, mas adorei a brincadeira de Paula Lavigne no Instagram perguntando ao marido: “Você vai fazer a live de pijama?”. Tomara que sim!
Julia Golldenzon é estilista especializada em festas e noivas. Formada em Comunicação Social pela PUC-Rio, ela trabalhou em marcas como Farm e La Estampa e, desde 2013, tem um ateliê no Leblon, que leva seu nome.