Baleias cachalotes podem estar em risco, em Arraial do Cabo
Aparições da espécie não são tão comuns a essa distância da praia, já que são os maiores carnívoros do planeta

Acostumado a jubartes e golfinhos, o cinegrafista Marcelo Gah fez um registro inédito nesta quarta (09/07), em Arraial do Cabo, com um grupo de mais ou menos 15 cachalotes próximos à Praia Grande.
São os maiores cetáceos com dentes e também os maiores carnívoros do Planeta de todos os tempos, chegando a pesar 80 toneladas e medir de 12 a 20 metros. No entanto, não estão a uma distância segura, segundo a fotógrafa e pesquisadora Bia Hetzel, integrante do projeto Ilhas do Rio. “Eles podem passar mais de 30 minutos, até quase 1 hora submersos, depois de vir à superfície para respirar. É importante manter a vigia porque cachalotes são animais de águas profundas; eles podem vir a encalhar em grupo ou em massa. Importantíssimo manter distância e evitar qualquer aproximação”, diz ela.
Depois das imagens e vídeos, Maycon Vitorino, presidente da Fundação de Meio Ambiente e Tecnologia (FUNTEC), e uma equipe do Projeto Baleia Jubarte estão monitorando, pois existe risco de encalhe. O Projeto de Monitoramento de Praias (PMP) já foi acionado. “Todas as embarcações foram afastadas do local. Nem mesmo a nossa embarcação pode ficar, por isso estamos retornando ao porto, para que a equipe de terra siga monitorando”, disse Maycon.
Cientistas apontam um conjunto de fatores que podem causar os encalhes em massa da espécie, frequentemente atuando em conjunto:
1 – limitações de navegação em águas rasas: a ecolocalização dos cachalotes funciona melhor em profundidade. Em plataformas continentais rasas, eles podem perder referências;
2 – coesão social: grupos (especialmente de machos jovens) tendem a seguir um líder — se um indivíduo erra a rota, os demais o acompanham;
3 – anomalias geomagnéticas ou tempestades solares podem desorientar cetáceos que usam o campo magnético como auxílio de navegação;
4 – distúrbios antropogênicos: navalhas sísmicas, sonares poderosos e poluição sonora podem induzir mudanças de rota ou provocar barotrauma;
5 – condições patológicas: doenças, infecções ou sobrecarga de parasitas causam fraqueza e perda de orientação, mas raramente são a única causa.