“De Cu pra Lua”: vem aí filme sobre a vida de Nelson Motta
Primeira reunião dos envolvidos com a cinebiografia do produtor e assinatura do contrato dos direitos autorais do livro
Nessa segunda-feira (22/09), aconteceu a primeira reunião dos envolvidos com a cinebiografia de Nelson Motta, “De Cu pra Lua”, em seu apartamento, no Leme. O longa é baseado no livro “De Cu pra Lua – Dramas, comédias e mistérios de um rapaz de sorte”, lançado em 2020, com direção de Lírio Ferreira, produção de Gláucia Camargos — dona dos direitos para o cinema — e roteiro de Walter Macedo Filho. A promessa é levar às telas o glamour, os tropeços e a sorte absurda do produtor, cum um trajetória bem além do frenético “Dancin’ Days” ou de sua atuação como produtor e ex de Elis Regina e Marília Pêra.
Nelson transita da literatura à TV, da música ao jornalismo, e agora terá a intensidade de sua vida criativa transformada em imagens. “Quando eu era menino, vi Nelson na TV e queria ser como ele: um sujeito dócil, inteligente, carismático, bonito e que sabia de tudo. Daí sinto uma honra tamanha poder olhar e me aproximar dessa figura que embala tantas pessoas. A partir desse instante, começo a me achar também um sujeito de sorte”, diz Lírio.
Na publicação, Motta escreve em tom íntimo e bem-humorado, remontando episódios da juventude, memórias afetivas e momentos de diferentes épocas da música, do jornalismo, da televisão, da literatura e do entretenimento nacional — todos misturados à história recente do Brasil, em suas dimensões culturais, políticas e sociais. “Que as pessoas se divirtam acompanhando minha trajetória movida à sorte — e esforço — e seus mistérios. A vida me deu muito e me alegro em compartilhar. Queria ver no telão o meu amor pela aventura e pelo risco, e o que aprendi mesmo quando deu errado, sempre com humor”, diz Nelson.
Gláucia e Lírio também estão juntos na adaptação para o cinema da obra de Ferreira Gullar, “Rabo de Foguete”, que será filmada em 2026 no Brasil e na Rússia.
Algumas curiosidades e momentos que podem entrar para a história, baseados no livro:
– Nelson fala bastante da “sorte” (e da falta dela também). Ele diz que escolheu narrar em terceira pessoa para poder rir de si mesmo, dar uns puxões de orelha simbólicos, sem parecer que está se exaltando;
– ele era “desafinado”, “sem noção de ritmo” e “ruim de ouvido” nos primeiros tempos. Mesmo assim, se meteu na música, compondo, gravando, se relacionando com grandes nomes;
– Em 1966, com “Saveiros” (com Dori Caymmi), ganhou o I Festival Internacional da Canção — um ponto inicial de visibilidade na música;
– Nos anos 80, passou por uma fase difícil com cocaína, relacionamentos problemáticos e crises pessoais. Foi em Roma que encontrou uma espécie de refúgio, fugindo simbolicamente de algumas dessas situações;
– Depois de um tombo em casa, que fraturou parte da perna, ele começou um romance por cartas com uma morena baiana de 48 anos — tudo isso enquanto estava meio “estropiado”. A filha até comentou: “O papai é mesmo um homem de sorte. Com 73 anos, todo estropiado, conquistou uma gata dessas. E sem sair de casa!”;
– Ele estudou design, mas logo migrou para jornalismo, produção musical, crítica, tudo isso com uma curiosidade voraz, uma inquietação estética. Isso se reflete nos muitos talentos que descobriu, nos estilos que transitou, nas linguagens que rodou;
– Ele organizou (ou colaborou com) festivais de rock num período em que tinha que enfrentar censura. Um exemplo citado é o Hollywood Rock (edição não oficial em 1975), no Rio, que reuniu artistas apesar dos entraves – “tinha que apresentar o set list previamente aos militares, negociar tudo” etc.
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