Lu Lacerda
Por Lu Lacerda
SEGUIR
SEGUINDO
Gabriela Machado: 35 anos de memórias, com promessa de mais 35
“Para seu olhar” foi inaugurada na Anita Schwartz, na Gávea
A artista plástica Gabriela Machado comemora 35 anos de carreira com a mostra “Para seu olhar”, inaugurada nessa quarta (03/09), na Anita Schwartz, na Gávea. Cinco telas gigantes e três esculturas em porcelana a disposição foi como numa casa — e não por acaso: a artista volta às memórias da infância em uma fazenda do século XVIII, onde ajudava a retocar afrescos de passarinhos e paisagens.
“Pintura é lugar de memória e de corpo”, diz Gabriela, que gosta de deixar o gesto conduzir o trabalho — nada de planilha ou projeto arquitetônico. E é no improviso disciplinado, quase jazzístico, que ela surpreende: cores cítricas, transparências, vitrais imaginários, palavras que se infiltram na tela. Até os títulos dos trabalhos são pequenas narrativas, pistas soltas para o olhar curioso. “Quando você escreve numa pintura, muda o olhar. A palavra abre outra narrativa, um caminho novo dentro da imagem”, comenta a artista sobre o diálogo entre imagem e palavra, desde o projeto “Livro do Cuco” (iniciado em 2017), em que escreve frases ao longo do dia.
A curadoria é de Bruna Costa e expografia assinada por Birger Lipinski & Laercio Redondo, que fizeram quase uma casa de paredes vivas: quem entra, sai com vontade de morar ali.
Em paralelo à individual de Gabriela, inauguração também da coletiva “Encontrar a solidez”, no segundo piso, também sob Bruna Costa, com trabalhos de 11 artistas convidados — Almeida da Silva, Ana Freitas, Ana Hortides, Bento Ben Leite, Brenda Cantanhede, Hildebranda, Ju Morais, João Rivera, Liane Roditi, Mayara e Murillo Marques.
“Os trabalhos se destacam por uma corporalidade inerente às soluções plásticas apresentadas. Existe uma lembrança de desenho, cor, brilho, textura, transparência, moldura, figuração-abstração e até pincelada. A pintura, porém, é subvertida para suportes e manifestações outras, numa pulsação entre força centrípeta e força centrífuga, tomando de empréstimo o termo do crítico Paulo Sergio Duarte”, diz Bruna.
Acordo pode acelerar indenização às famílias dos jovens mortos por PMs
