Julgamento de ex-presidente Bolsonaro vira praticamente um reality
É a 1ª vez um ex-presidente da República está no banco dos réus sendo julgado por tentativa de Golpe de Estado contra o Brasil
Para alguns cariocas, o julgamento de Bolsonaro, que começa nesta terça (02/09), é objeto de desejo tal qual um Rock in Rio, ou, como dizem por aí, “XandãoPalooza” (comparado ao Lollapalooza), sejam opositores, sejam apoiadores. O momento é histórico já que, pela primeira vez, um ex-presidente da República está no banco dos réus, sendo julgado por tentativa de golpe de Estado contra o Brasil. Serão oito sessões em cinco dias que definirão o destino do ex-presidente numa espécie de “reality show judicial”.
Deve ser um dos mais assistidos do país e, segundo o cientista político Uriã Fancelli, nem só os adversários estão atentos e apenas se aproveitando do momento: “O julgamento passa a ser observado pelo mundo como um raro teste de accountability — responsabilidade pelas próprias ações e resultados, incluindo a obrigação de prestar contas de forma transparente e eficaz. Há politização explorada pelos adversários, mas, do ponto de vista institucional, o que se observa é uma resposta ao sistema democrático”.
E continua: “Nesse ambiente, cria-se a falsa impressão de que há apenas duas opções: alinhar-se a um autoritarismo de perfil ocidental ou aceitar Rússia e China como supostos contrapesos, afastando-nos da ideia central de que o objetivo deveria ser justamente o aperfeiçoamento democrático como modelo. Mais do que um embate de torcidas, esse processo precisa ser lido como uma lição de amadurecimento, porque o que está em jogo ultrapassa preferências pessoais ou ideológicas e toca no próprio futuro da democracia”.
Junto de Bolsonaro, mais sete réus: Alexandre Ramagem (RJ), Almir Garnier (RJ), Anderson Torres (DF), Augusto Heleno (PR), Mauro Cid (RJ), Paulo Sérgio Nogueira (CE) e Walter Braga Netto (BH).
Nos bastidores, tem ativista carioca organizando vaquinha online para assistir ao julgamento em Brasília — como se fosse excursão de colégio. A diferença é que, em vez de abadá, o brinde é a foto do crachá de visitante do STF. Os memes já estão a toda. Do “BBB Supremo” ao “Vai dar ruim?”, o feed não perdoa. Ansiedade coletiva? Temos. Humor ácido para disfarçar? Mais ainda.