Mineiros do Galpão iluminam o Centro com “(Um) Ensaio sobre a cegueira”
A direção e dramaturgia é de Rodrigo Portella e direção musical de Federico Puppi, a partir do romance de José Saramago, no Teatro Carlos Gomes
Se é o Grupo Galpão, os cariocas correm pra ele, como nessa quinta (28/08), com a estreia de “(Um) Ensaio sobre a cegueira”, com direção e dramaturgia de Rodrigo Portella e direção musical de Federico Puppi, a partir do romance de José Saramago, no Teatro Carlos Gomes, no Centro. No livro publicado há exatos 30 anos, uma epidemia assola a cidade, privando os moradores de enxergar o mundo. “A obra revela o modo como, em um mundo despojado das aparências, enxergamos, realmente, quem somos e o que, em essência, significa ser humano. A cegueira pode ser uma metáfora da perda de sentido e do senso de humanidade, assim como de nossa capacidade de enxergar além do que se vê”, diz Portella sobre as várias interpretações.
“A ideia de um mundo em que ‘não cegamos’, mas ‘estamos cegos’ — cegos que veem, cegos que, vendo, não veem —, garante a dimensão da atualidade da obra de Saramago e de sua capacidade de dialogar com as grandes questões do nosso tempo. É um convite para que possamos fechar os olhos e, finalmente, ver”, diz Eduardo Moreira, ator e um dos fundadores do Galpão, em atividade há 43 anos.
Além dessa reflexão toda, houve momentos de frivolidade dos noveleiros atentos aos desdobramentos do remake de “Vale Tudo” e curiosos sobre Leonardo, o filho de Odete Roitman (Débora Bloch) — o ator Guilherme Magon, estreante em novelas, estava no teatro, por isso foi difícil manter o roteiro só na cabeça, principalmente depois da cena dessa quinta, em que Ana Clara (Samantha Jones) arma o casamento com Leonardo.
Quando terminou, todos saíram de cena, tocando instrumentos e levando o público para a praça Tiradentes. Sobre esses momentos, um convidado comentou: “Eles fazem arte pela arte, sem vaidades… Os mineirinhos sabem fazer teatro”.
O espetáculo fica em cartaz até 14 de setembro, com opção de “experiência imersiva”, ingresso especial em que os espectadores passam uma parte da peça no palco, de olhos vendados, sendo guiados pelo elenco por meio da voz e da audição, além das sessões com acessibilidade em libras e audiodescrição.