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Lu Lacerda

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Jornalista apaixonada pelo Rio

Teatro, por Claudia Chaves: “Sermão de Santo Antônio aos Peixes”

Maré é boa para pescaria

Por lu.lacerda
Atualizado em 19 set 2025, 10h42 - Publicado em 19 set 2025, 10h00
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Marcio Vito (Nil Canine/Divulgação)
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Quando Padre Antônio Vieira subiu ao púlpito de São Luís do Maranhão, em 1654, não falava apenas de religião. Ao pregar o “Sermão de Santo Antônio aos Peixes”, Vieira usava a linguagem barroca e sua oratória fulminante para denunciar a corrupção, a ganância e, sobretudo, a escravidão dos povos indígenas. Por trás da fábula dos peixes havia uma mensagem política direta: os grandes devoram os pequenos, assim como os poderosos esmagam os mais fracos.

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Ricardo Kosovski em cena (Nil Canine/Divulgação)

Essa contundência ressurge agora no palco do Sesc Copacabana, sob a direção de Moacir Chaves. Na encenação, Marcio Vito e Ricardo Kosovski, acompanhados pela música executada ao vivo na guitarra por Gustavo Corsi, dão corpo e voz a um texto que, séculos depois, permanece totalmente atual.

Ao usar os diferentes peixes como metáforas das virtudes e dos vícios humanos, a leitura que Moacir realiza traz para os dias de hoje, de forma profunda, os dilemas que ecoam na voz do Padre Vieira: desigualdade social, exploração econômica, corrupção estrutural e as novas formas de submissão que assolam o país. O humor, aliado à clareza e ao vigor dos atores, evita o tom panfletário sem diminuir a força da denúncia.

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Gustavo Corsi (Nil Canine/Divulgação)
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Somos convidados a mergulhar na voz, nos gestos e nos movimentos de Marcio Vito e Ricardo Kosovski. Com suas interpretações vigorosas, vivemos uma experiência que se apresenta em um cenário semelhante a um escritório, no qual os homens se movem em ternos claros, atemporais, como convém aos trópicos. Tudo é tão realista que a identificação é imediata: reconhecemo-nos em todas as frases do sermão, como se estivéssemos sentados em contemplação em alguma igreja do século XVII. Nos movimentos dos atores, aparentemente relaxados, que se deslocam com pastas, percebemos um quê de executivos convincentes.

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Marcio Vito e Ricardo Kosovski (Nil Canine/Divulgação)

Como lembra Moacir Chaves, sua refinada direção concretiza a volta de Vieira às plateias, reabrindo um tesouro esquecido. Ao mesmo tempo, lança luz sobre feridas que permanecem abertas, pois o texto atravessa os séculos. O contraste com a guitarra de Gustavo Corsi, com seu som contemporâneo, acentua a distância — e aproxima, ao mesmo tempo.

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Serviço
Teatro Sesc Copacabana
Sextas, sábados e domingos, às 20h30

Claudia Chaves
(Arquivo/Arquivo pessoal)
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