Gabriela Loran fala sobre mercado para atrizes trans
Protagonista do filme O Último Animal fala ainda sobre o que pensa de pessoas cis interpretando personagens trans
Protagonista do filme O Último Animal, que estreou no último dia 07/03, Gabriela Loran me concedeu uma entrevista exclusiva em que fala do mercado de trabalho para atrizes trans. Em uma conversa direta, disse que não quer ser lembrada apenas como uma atriz trans e explicou o que pensa sobre pessoas cis interpretando personagens transexuais.
Gabriela contou que desde criança gostava de reproduzir personagens que via na TV, mas por vir de uma família humilde não tinha acesso a cursos de interpretação. A oportunidade veio através do FIES (Fundo de Financiamento Estudantil) quando passou no vestibular da CAL (Casa das Artes de Laranjeiras). “Sempre tive muita certeza do que queria, por mais que sempre soube que seria difícil”, explica.
A dificuldade do mercado de trabalho para atrizes trans apareceu tão logo se formou. “Escutei de muitas pessoas que por ser trans só faria personagens prostitutas”, revela. Mas o caminho foi traçado e com a certeza que sabia o que queria Gabriela foi a primeira transexual a participar de Malhação, na TV Globo.
“Antes de Malhação eu não recebia para nenhum trabalho que tinha feito. O mais louco é que via outros atores não trans recebendo pra fazer a mesma coisa que eu”, lembra. Loran acredita que a novela juvenil foi um divisor de águas em sua carreira.
Com experiência na novela Cara e Coragem e em séries como Anjo Loiro com Sangue no Cabelo, Arcanjo Renegado, entre outras, Gabriela levanta uma questão importante sobre as oportunidades para atrizes trans: “É preciso ter uma conversa nossa com a direção, com os roteiristas, para que não sejamos chamadas só para fazer personagens trans e que a problemática é se vai usar o banheiro feminino ou masculino”.
A atriz e ativista destaca porém a importância de que apenas atrizes trans façam personagem com essa identidade de gênero. “O preconceito ainda está instaurado na sociedade. Então, enquanto a gente não vence essa barreira pessoas cis não podem viver trans”. Mas Gabriela faz questão de destacar que não quer ficar limitada a personagens transexuais. “Quero viver todas a personagens possíveis para que as pessoas comecem a humanizar”, completa.
Por fim ela celebrou a personagem Buba, que na nova versão da novela Renascer é uma mulher trans: “É ótimo ver pessoas trans como protagonista e não amiga de outra personagem. Mas é preciso que seja dentro desse lugar que humaniza, onde a história dela não é apenas ser trans, ela é bem sucedida, formada em psicologia. Ela tem uma história”.