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Patricia Lins e Silva

Por Patrícia Lins e Silva, pedagoga Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Educação

A escola é sempre a melhor opção para as crianças

Trocar opiniões, discutir saberes, conversar com os outros sobre a realidade são indispensáveis para a aprendizagem

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Atualizado em 25 Maio 2022, 19h12 - Publicado em 25 Maio 2022, 19h11
Homeschooling
Homeschooling: em casa, os pais decidem o que ensinar, quanto e quando; e. como não têm experiência de ensino, muitas vezes  não percebem os ritmos da aprendizagem do aluno, o que pode afetar negativamente seu progresso e o desenvolvimento de habilidades mais avançadas. (Freepick/Reprodução)
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A chamada homeschooling, educação em casa, sempre existiu. Pais morando em lugares muito afastados e sem acesso a escolas providenciavam deveres e tarefas, que chegavam por correio, para educar os filhos. Uma situação excepcional e nunca ideal. Infelizmente, agora chegou a nós a tendência de manter os filhos em casa ao invés de deixá-los frequentar uma escola pública ou particular. É uma opção que prejudica as crianças e as próprias famílias.

A maioria dos pais não sabe que o desenvolvimento das crianças na escola é mais eficiente exatamente porque estão na companhia de outras crianças. A aprendizagem se desenvolve mais e melhor na troca com os outros.

Os educadores profissionais estudam, se preparam e se dedicam a educar crianças. É necessário compromisso, tempo e investimento durante a maior parte do dia. Homeschooling não é ensino à distância. Não bastam o tempo, a Internet, acesso a um computador, uma impressora e materiais básicos em casa. Qualquer escolaridade requer muito mais do que isso. Os pais raramente são preparados para esta tarefa, que exige supervisão constante, dedicação em tempo integral, muita energia e pouco lazer. Precisam considerar bem se esta solução é certa para eles e para os filhos. Ou se sua intenção é unicamente mantê-los restritos à sua única visão de mundo .

Na maioria dos casos de homeschooling, as crianças acabam prejudicadas pela ausência de educadores qualificados e também pela falta de oportunidades reais para desenvolverem sua vida social. Para os alunos de comunicação não verbal, a falta de interação social aumenta o isolamento. As crianças só interagem com os pais ou com quem lidera a aprendizagem, ou através de redes sociais, email e, talvez, videoconferências, o que não promove uma socialização ampla. Em casa, não existe a possibilidade de compartilhar a experiência da escola com o colega sentado ao lado, nem de socializar as aprendizagens.

A convivência diária com outras crianças na escola desenvolve habilidades sociais e os alunos entendem a necessidade de normas de convivência, pois estão expostos a diversos tipos de pessoas, culturas, crenças e opiniões. Experimentar a diferença é uma vantagem da frequência à escola e, no entanto, é a razão para alguns pais preferirem manter os filhos em casa: limitar o conhecimento de uma realidade mais abrangente e evitar o contato com ideias diferentes daquelas a que têm acesso no seu círculo familiar.

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A exposição à vasta gama de perspectivas, ideias e culturas de colegas de diversas origens e crenças pessoais amplia a capacidade de refletir, de discutir e de se comunicar adequadamente com diferentes grupos de pessoas. Quanto mais contato com conhecimentos e experiências originais e novas, mais se desenvolve o pensamento e a inteligência. Os humanos têm a fantástica capacidade de pensar e produzir conhecimento. Quando se limitam a curiosidade e a capacidade de descobrir coisas, quem perde é a humanidade.

Nas escolas, existem currículos que os professores seguem, gerenciando o tempo, a dificuldade e a quantidade de conteúdo. É claro que todos os tipos de estrutura podem ser praticados em casa, mas o fato é que os professores reais em escolas reais foram preparados para saber acompanhar a aprendizagem. Em casa, os pais decidem o que ensinar, quanto e quando e como não têm experiência de ensino muitas vezes  não percebem os ritmos da aprendizagem do aluno, o que pode afetar negativamente seu progresso e o desenvolvimento de habilidades mais avançadas. A intimidade da relação pais e filhos pode interferir, por diversas razões, na vontade de aprender do aluno, que pode duvidar da supervisão ou das aulas.

Além de tudo, o homeschooling é dispendioso, pois as casas não costumam ser equipadas com laboratórios e é caro obter os produtos químicos, materiais e aparelhos. A maioria das casas também não tem instalações esportivas para a atividade física dos alunos. Na escola existem materiais destinados a todos os assuntos, conselheiros de orientação, coordenadores, assistentes sociais, psicólogos, softwares de computador, bem como programas extracurriculares. Os adultos e professores estão sempre atentos a modificações de comportamentos dos alunos que possam significar sofrimento de abusos, domésticos ou não, que precisem ser investigados para proteger as crianças.

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Trocar opiniões, discutir saberes, conversar com os outros sobre a realidade são indispensáveis para a aprendizagem. O grupo é fundamental para o desenvolvimento cognitivo, para instigar o interesse e para buscar solução para problemas. A convivência diária com os pares num ambiente do mundo real preparado especialmente para receber as novas gerações é base estruturante do desenvolvimento das crianças e jovens. A escola ainda é o melhor lugar para se aprender sobre a humanidade, a civilização, a convivência, a empatia, os outros, a liberdade e a justiça.

 

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