Reinventar o Futuro
As novas gerações devem ser preparadas para conviver com a instabilidade geopolítica e climática, alem da inteligência artificial.
Especialistas das ciências sociais e ambientais apontam que a sociedade contemporânea enfrenta um impasse civilizatório. Não é possível ignorar a crescente instabilidade global, resultante das tensões geopolíticas atuais, que se somam ao problema do aquecimento do planeta. Embora muitos insistam em negar os fatos, refugiando-se em soluções puramente tecnológicas ou em teses expansionistas, a realidade é inelutável: o clima e as disputas político-econômicas estão entrelaçados, natureza e sociedade não pertencem a esferas diferentes. As escolhas que fazemos hoje vão determinar se seguiremos na direção de sociedades mais justas e sustentáveis ou se insistiremos na instabilidade.
A Educação é sempre importante, mas agora ela é crucial. Crianças e jovens estão crescendo num ambiente instável e vão herdar um cenário muito diferente do atual. As novas gerações devem ser preparadas para conviver com a instabilidade e, também, com a inteligência artificial – um fator altamente transformador, que estará muito mais desenvolvida e mais eficiente. Nossa espécie nunca teve a experiência de trocar ideias com algo que não fosse humano. O fato de que as máquinas nunca serão humanas serve de consolo para alguns. Mas muitos cientistas alertam para a possibilidade de criarmos sistemas capazes de inventar, imaginar e superar capacidades humanas.
Diante das transformações ambientais, dos rearranjos geopolíticos e dos avanços da tecnologia é essencial repensar nossos modos de vida. As próximas gerações precisarão de ferramentas cognitivas que lhes permitam compreender problemas complexos e elaborar soluções viáveis para seu tempo. Será preciso questionar a lógica do consumo ilimitado e a noção de progresso como mera acumulação material, abrindo espaço para novos valores e práticas, o que implica uma profunda transformação cultural.
A escola é o espaço ideal para se promover a reflexão que pode ampliar o pensamento para além da convenção, para cultivar alternativas de futuro e animar a esperança na possibilidade de construir e inventar outras formas de viver. É um processo em que o diálogo, a cooperação e o pensamento crítico são fundamentais e no qual a Filosofia ocupa um lugar central. Não restrita a autores clássicos, a Filosofia assegura o exercício vivo da reflexão, para que os alunos aprendam a questionar certezas, a pensar com profundidade, a lidar com contradições e a imaginar alternativas.
O século XXI traz desafios inquietantes que vão requerer capacidade de interpretar, de duvidar, intervir e resolver problemas difíceis – desde questões locais até o impacto das mudanças climáticas. Além do exercício intelectual, será imprescindível cultivar a empatia e a responsabilidade ética.
Cabe à escola, portanto, formar indivíduos capazes de reinventar formas de viver – pessoas com horizontes abertos e mentalidade inovadora, preparadas para construir um mundo novo.