Rita Lee vive: nos palcos, no cinema e na defesa dos animais
Exibição do documentário Ritas com show em Botafogo, peça com Mel Lisboa e outras homenagens celebram o legado da rainha do rock

Rainha do rock brasileiro, ovelha negra, rebelde, irreverente, ativista da causa animal, mãe de três, uma das artistas mais censuradas durante a ditadura militar (e presa no mesmo período), ou simplesmente Rita Lee. Nascida em 31 de dezembro de 1947, a capricorniana revolucionou a cena musical brasileira — e não à toa tinha ascendente em Aquário, signo da inovação e originalidade. Com a cabeleira vermelha (mais tarde, grisalha), marcou gerações com suas canções, livros — incluindo duas autobiografias —, grandes shows e participações icônicas na TV. E, é claro, deixou saudades ao partir para outro plano em maio de 2023.
O documentário Ritas, dirigido por Oswaldo Santana, estreou em maio deste ano nos cinemas brasileiros como um tributo emocionante à artista. A produção exibe arquivos inéditos, gravações pessoais e entrevistas, incluindo o último depoimento de Rita antes de sua morte. Nesta sexta, 18 de julho, às 19h, o Cinesystem Belas Artes Botafogo exibe o longa com uma homenagem em dose dupla: após a sessão, haverá show da banda Mariachis Marcianos, tocando grandes sucessos da cantora e dos Mutantes, como Ovelha Negra, Mania de Você, Ando Meio Desligado, entre outros.
O tributo nos cinemas não é o único dedicado à rainha do rock na cidade. Em cartaz no Teatro Casa Grande, no Leblon, até 3 de agosto — com ingressos esgotados —, a peça Rita Lee – Uma Autobiografia Musical retrata a vida da artista com base no livro lançado por ela em 2016, um verdadeiro sucesso editorial. Quem dá vida à rockeira no palco, cantando e incorporando seus trejeitos, é a atriz Mel Lisboa, vencedora do Prêmio Shell de melhor atriz por sua interpretação no espetáculo. No Rio, Mel também exaltará o legado musical da cantora no show voz e violão Mel Lisboa Canta Rita Lee, marcado para o dia 28 de agosto, na casa de shows Blue Note Rio, em Copacabana.
Mas vale destacar uma curiosidade dos bastidores da peça Rita Lee – Uma Autobiografia Musical: o catering do espetáculo é 100% vegano, oferecido pelo reconhecido restaurante Teva, do chef Daniel Biron. A escolha atende à protagonista da montagem — e, sem dúvida, deixaria Rita mais do que satisfeita. Vegetariana desde 2017, Mel Lisboa adotou o veganismo durante a primeira temporada da peça, como forma de homenagear e se conectar ainda mais com a artista, que sempre foi uma defensora firme dos direitos dos animais e contrária a qualquer tipo de crueldade contra os bichos.
Para demonstrar o quanto a cantora amava os animais, gostaria de relembrar este trecho de Rita Lee – Uma Autobiografia:
“Os humanos se acham mais sagrados que os animais, deploram o aborto e matam bezerrinhos porque a carne é mais tenra; devoram perus no Natal porque é tradição; mantêm aves e bois enjaulados e engordados à força para comerem no dia a dia; caçam onças, elefantes, rinocerontes para tirarem fotos; usam pele de chinchila, raposa e foca para fazerem vestimentas; prendem-nos no zoológico onde ficam expostos dia após dia. Como ‘diversão’, os humanos obrigam animais a se humilharem e fazer palhaçadas em circos, assim como se sentem ‘atletas’ em rodeios, vaquejadas, touradas, farra do boi e outros tantos eventos que ensinam crianças que animais são meros objetos dos humanos, esquecendo que bichos também sentem dor e estão longe de seus habitats e famílias. E existem certos pseudofilósofos-filhos-da-p*** cujo sonho de consumo é matar um urso. Nem me interesso pelo que esses ‘intelectuais’ ensinam.”
No livro, ela também imagina, no capítulo “Profecia”, como seria a sua morte. Segundo a cantora, seu epitáfio seria: “Ela nunca foi um bom exemplo, mas era gente boa.” Eu discordo. Acho que, além de gente boa, Rita Lee, você deixou um importante legado. Não só artístico, mas de verdadeira empatia por aqueles que não têm voz.
Como algumas homenagens nunca são suficientes, Rita também será exaltada no desfile da escola de samba Mocidade Independente de Padre Miguel no Carnaval de 2026. A agremiação anunciou no dia 22 de maio o enredo “Rita Lee, a Padroeira da Liberdade”, em reconhecimento à sua rebeldia e originalidade. “Rita representa um grito de independência musical, estética e comportamental”, afirmou o carnavalesco da escola, Renato Lage. Esperamos que o amor de Rita pelos animais também esteja presente no desfile — por meio da escolha de tecidos, penas e acessórios sem origem animal.
Viva Rita Lee!
Serviços:
Cinesystem Belas Artes Botafogo. Praia de Botafogo, 316, Botafogo. 18 de julho, 19h. R$ 70 (inteira), R$ 35 (meia). Ingressos na bilheteria ou site Ingresso.com.
Blue Note Rio. Av. Atlântica, 1910, Copacabana. 28 de agosto, 20h. A partir de R$ 125,00. Ingressos pelo site Eventim.