Maratona de música e muita diversidade no 2º Festival de Rodas de Samba
Festival vai reunir, na quadra da Portela, Samba que Elas Querem, Awurê, Terreiro de Crioulo, Samba de Caboclo, Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador
Os tambores vão ecoar pela cidade. As celebrações do Santo Guerreiro já estão anunciadas, e a cidade vai se encher – ainda mais! – de rodas de samba. E, mesmo antes do Dia de São Jorge, 23 de abril, o fim de semana já promete fazer a roda girar com opções imperdíveis e uma programação intensa de comemorações. Como disse o sambista Marquinhos de Oswaldo Cruz, que promove o 2º Festival de Rodas de Samba, no sábado (20), na Quadra da Portela, será uma verdadeira ‘rave’ do samba.
A primeira edição do festival reuniu algumas das principais rodas de samba da cidade, o que se repete agora com a participação de nada menos que Samba que Elas Querem, Awurê, Terreiro de Crioulo, Samba de Caboclo, Moacyr Luz e o Samba do Trabalhador. Programa imperdível, com a força de rodas já consolidadas no cenário carioca.
Samba Que Elas Querem é um grupo carioca surgido a partir de roda de samba armada no centro da cidade do Rio de Janeiro, organizada por mulheres musicistas. E nasceu de um desejo de colocar o protagonismo feminino no centro do cenário do samba. Bastante conhecida nos arredores do Centro e da Zona Sul, passeia por clássicos do samba de raiz.
Awerê, cujo nome em yorubá significa boa sorte, bênção, é a roda criada em Madureira por Fabiola Machado, Arifan Jr., Anderson Quack e Pedro Oliveira, cujo repertório tem influências diretas nas tradições africanas e no candomblé. O grupo tem como objetivo exaltar e resgatar a importância da influência africana em nossa cultura, identidade e a consciência ancestral, através da música, cânticos, poesia, gastronomia e dança.
Terreiro de Crioulo é um dos terreiros mais importantes do samba na cidade, que ocupa uma espécie de quintal no bairro de Realengo, na Zona Oeste do Rio, sempre com lotação esgotada. O projeto é comandado por Leandro Braz, PH Mocidade, Julio Morais e Renata Nerys. Chama atenção o tamanho da roda, que é composta por 12 músicos sob o comando de PH Mocidade e seu vozeirão, e que conta com diversos cantores e cantoras, sempre fazendo homenagem a um ícone do samba, como Jovelina Pérola Negra e D. Ivone Lara.
Samba de Caboclo é uma roda que exalta o povo do axé, como eles se anunciam. Roda criada em Bangu, Zona Oeste, canta as músicas dos terreiros de Umbanda, das casas de Angola. Com muito partido alto, é uma roda super animada. O interessante é observar a pluralidade da cultura brasileira a partir das duas rodas, Awurê e Samba de Cabloco. A primeira tem repertório dentro das influências da nação Yoruba, mais ligada à Bahia, enquanto o samba de Caboclo se liga mais às tradições de Angola, o samba do Rio.
O Samba do Trabalhador de Moacyr Luz dispensa apresentações. Uma das mais importantes representações culturais da cidade, é uma roda mais urbana, que conta com um naipe de primeira, de músicos e sambistas, além de convidados.
“O festival busca isso, mostrar o quanto o samba é diverso. Em cada lugar, ele se apresenta de uma forma diferente. Aqui mesmo em Madureira, temos a Portela e o Império, duas escolas com tanta diversidade. Se aqui pertinho é assim, imagina por aí, como é diferente o que se faz em cada lugar! Procuramos misturar as rodas para que as pessoas conheçam os diferentes estilos e não fiquem nos seus guetos. Ampliar: essa é a ideia para mostrar toda a diversidade do samba na cidade”, explica Marquinhos de Oswaldo Cruz.
Além do samba, o festival vai oferecer comidinhas tradicionais como caldos, petiscos e churrasquinhos. Sem falar que ali mesmo, na rua da Portela, há uma grande oferta de opções em barraquinhas com o melhor da comida de rua. O festival começa às 13h e vai até as 21h. Os ingressos estão à venda pela plataforma Sympla.
“Vai ser uma espécie de maratona com o melhor do samba tradicional carioca”, resume Marquinhos, já se preparando para comandar essa turma toda.
Rita Fernandes é jornalista, escritora e pesquisadora de Cultura e Carnaval.