Avatar do usuário logado
Usuário
OLÁ, Usuário
Ícone de fechar alerta de notificações
Avatar do usuário logado
Usuário

Usuário

email@usuario.com.br
Imagem Blog

Vinoteca

Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos

Chardonnay, a rainha das uvas brancas

A chardonnay, originária da Borgonha, é uma das uvas mais cultivadas e admiradas do mundo.

Por Marcelo Copello Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO
9 out 2025, 05h00
Uvas Chardonnay
 (shutterstock/Divulgação)
Continua após publicidade

A Chardonnay, originária da Borgonha, é uma das uvas brancas mais cultivadas e admiradas do mundo. Sua versatilidade e capacidade de refletir o terroir a tornam uma referência, tanto em vinhos tranquilos quanto em espumantes. Não por acaso, tornou-se a variedade branca internacional por excelência, presente em praticamente todos os continentes produtores de vinho, da Europa ao Novo Mundo.

Geneticamente, a Chardonnay é fruto do cruzamento natural entre a nobre Pinot Noir e a rústica Gouais Blanc. Da primeira herdou a elegância, a complexidade aromática e a capacidade de gerar vinhos longevos; da segunda recebeu resistência, produtividade e adaptabilidade. Essa combinação rara explica em grande parte o sucesso da variedade: uma uva que pode se expressar de forma autêntica em diferentes climas e solos, assumindo múltiplos estilos, mas sempre mantendo uma identidade reconhecível.

Trata-se de uma casta de maturação precoce, ideal para regiões frescas, onde preserva acidez vibrante e frescor natural. Seus cachos são pequenos e compactos, com bagas de pele fina e de cor amarelo-dourada, características que favorecem a delicadeza dos vinhos, mas também tornam a planta suscetível a doenças fúngicas, exigindo manejo criterioso. Sua afinidade por solos calcários é lendária, sobretudo nos terroirs da Borgonha, mas sua adaptabilidade a condições muito diversas é o que a consagrou globalmente. Em climas frios, como em Chablis, resulta em vinhos austeros, tensos e minerais, com notas de maçã verde, limão e pedra molhada. Em climas moderados, como na Côte d’Or, entrega equilíbrio e harmonia, com aromas de frutas de caroço, mel, nozes e uma textura sedosa. Já em regiões mais quentes, como Califórnia e Austrália, revela opulência, com frutas tropicais exuberantes, corpo generoso e maior teor alcoólico, embora possa perder acidez se colhida tardiamente.

Os estilos de Chardonnay são múltiplos. Quando vinificada sem madeira, em tanques de inox, mostra frescor, mineralidade e pureza aromática, como em muitos Chablis ou em Chardonnays modernos do Novo Mundo. Já quando fermentada e amadurecida em barricas, especialmente com uso de fermentação malolática e bâtonnage, ganha complexidade e volume, desenvolvendo notas de manteiga, creme, baunilha, brioche, caramelo e tostados. Essa flexibilidade explica porque alguns a chamam de “camaleão” do mundo do vinho, capaz de assumir diferentes personalidades de acordo com as escolhas do produtor. Na Champagne, desempenha papel crucial: sozinha, dá origem aos Blanc de Blancs, vinhos de pureza e longevidade; em corte com Pinot Noir e Meunier, aporta frescor e elegância.

No Novo Mundo, a uva se tornou símbolo da modernização da viticultura. Foi a protagonista do célebre Julgamento de Paris em 1976, quando um Chardonnay da Califórnia superou grandes Borgonhas em degustação às cegas, marcando a ascensão do vinho norte-americano. Na Austrália, após décadas de vinhos pesados e super-amadeirados, o estilo evoluiu para versões mais elegantes, frescas e precisas, especialmente em regiões como Yarra Valley e Margaret River. O Chile destacou-se com exemplares do Vale de Limarí, frescos e minerais, enquanto na Argentina, as altitudes de Mendoza proporcionam acidez e estrutura.

Continua após a publicidade

No Brasil, a Chardonnay encontrou terreno fértil, consolidando-se como uma das castas mais importantes tanto para vinhos tranquilos quanto para espumantes. Na Serra Gaúcha, região pioneira, revela-se em vinhos de acidez equilibrada, notas de maçã, pêssego e cítricos, além de grande consistência nos espumantes.

Dentro da Serra Gaúcha, a sub-região de Pinto Bandeira merece destaque, pela expressão refinada que consegue imprimir à Chardonnay.

Pelo Brasil afora, seja nas áreas de altitude em Santa Catarina, seja através da técnica da dupla poda em estados com o Minas Gerais e São Paulo, o país já inscreve seu nome no mapa mundial da Chardonnay, especialmente pelos espumantes, mas também com vinhos tranquilos que começam a despertar atenção.

 

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Domine o fato. Confie na fonte.
15 marcas que você confia. Uma assinatura que vale por todas
Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe semanalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Assinantes da cidade do RJ

A partir de 32,90/mês