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Vinoteca

Por Marcelo Copello, jornalista e especialista em vinhos Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO
Marcelo Copello dá dicas sobre vinhos

Échézeaux, o caçula do Romanée-Conti

Por Marcelo Copello O Romanée-Conti é o vinho de maior prestígio do mundo. Com produção ínfima que varia entre 4.500 e 6.000 garrafas ao ano, há séculos que muito se fala dele, mas relativamente pouco dos outros vinhos do mesmo produtor, quase tão espetaculares quanto seu irmão mais famoso. Baco teve o privilégio de participar […]

Por marcelo
Atualizado em 25 fev 2017, 17h25 - Publicado em 19 ago 2016, 10h02
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Por Marcelo Copello

O Romanée-Conti é o vinho de maior prestígio do mundo. Com produção ínfima que varia entre 4.500 e 6.000 garrafas ao ano, há séculos que muito se fala dele, mas relativamente pouco dos outros vinhos do mesmo produtor, quase tão espetaculares quanto seu irmão mais famoso. Baco teve o privilégio de participar da raríssima experiência de degustar 52 safras de um destes vinhos, o Échézeaux (pronuncia-se êxêzô)

 

A DRC

Localizada em Vosne-Romanée, no coração da Borgonha-França, a Domaine de la Romanée-Conti (DRC) tem rica e longa história, que remonta ao século X. Nesta época, o vinhedo então chamado Cros des Clous pertencia aos monges da ordem de St.Vincent. A propriedade, depois rebatizada como La Romanée, teve outros donos, um deles o príncipe de Conti, que acrescentou seu nome ao vinhedo. Após ser confiscado e leiloado em 1794 na Revolução Francesa, o vinhedo mudou de donos até que em 1869 Jacques-Marie Duvault-Blochet o adquiriu e anexou os vinhedos de Richebourg, Grands-Échézeaux e Échézeaux. Aubert de Villaine, descendente de Duvault-Blochet é quem está hoje a frente da empresa. A DRC produz 7 famosos Grand Crus, todos de produção muito pequena e alto preço: La Romanée-Conti, Le Montrachet, La Tâche, Richebourg, Romanée-Saint-Vivant, Grands-Échézeaux e

Échézeaux.

 

 

A AOC Échézeaux

Não é apenas a DRC que produz Échézeaux. Esta Appellation d´Origine Contrôlée (AOC), localizada na comuna de Flagey-Échézeaux, tem nada menos que 84 donos e ocupa cerca de 38 hectares (área bastante grande para um Grand Cru). Cuidado, nem todo Échézeaux vale seu preço. Com uma profusão de donos, solos, subsolos e exposições ao sol, a qualidade destes vinhos é bastante irregular. O melhor (e maior) proprietário de vinhedos em Échézeaux é a DRC, com 4,67 hectares. Outros bons produtores são Henry Jayer, Dujac, Michel Clerget, René Engel, Georges Mugneret e Mongeard-Mugneret.

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O Échézeaux da DRC

Elaborado 100% com uvas Pinot Noir e com produção entre 15.000 e 18.000 garrafas ao ano, o Échézeaux da DRC custa R$ 2.280 na Expand (safra de 2008). Safras mais antigas e raras podem alcançar altas cifras em leilões.

 

Dos vinhos da DRC o Échézeaux é tido como o mais aberto e fresco, muito expressivo desde jovem, mas com estrutura para evoluir por décadas. A DRC não produziu Echezeaux em 1950, 1951,1954, 1960, 1963, 1965 e 1968

 

Degustação e emoção

A prova foi composta de 52 safras, entre 1935 e 2009 (com 3 safras em garrafas magnum, 1985, 1988 e 1995). Os vinhos não foram provados em ordem cronológica, mas sim em grupos compostos por safras de diferentes décadas, com o objetivo de ter uma degustação mais equilibrada.

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Uma observação importante é que em uma degustação de vinhos mais antigos, o estado da garrafa faz grande diferença. Nesta prova a safra de 1952, por exemplo, considerada muito boa, mas com nível de vinho baixo na garrafa (evaporado pelo tempo), foi de longe batida pelo 1953, ano médio, mas cuja garrafa estava perfeita, totalmente cheia.

 

 

 

Eu não poderia deixar de registrar aqui a emoção e a aula que é para um enófilo provar tantas safras da DRC juntas. Ao perfilar 52 safras de um dos maiores vinhos do mundo, temos em  perspectiva a história de um vinho, de um vinhedo, de um produtor, de uma região, e também algumas páginas da história do vinho no mundo. Ao final de tudo temos também o prazer de degustar tantos vinhos deliciosos em diferentes estágios de evolução, dos bebês aos vovôs. Publicarei aqui os vinhos com as 10 maiores notas em ordem decrescente de safra, facilitando a leitura. Consulte a tabela com todas as safras e notas.

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Destaques

2005

Duas garrafas foram testadas com bastante diferença entre elas. Uma com sinais de evolução precoce e e outra perfeita, mais fresca e mineral. Uma safra soberba, magnificamente elegante e equilibrada, com taninos finíssimos, para longa guarda.

Nota: 98 pontos

 

2002

Uma safra excepcional, com grande concentração de fruta, expressivo mesmo em sua juventude, mostrando paladar de grande profundidade, taninos finíssimos e bem presentes, muito longo, concentrado e equilibrado

Nota: 98 pontos

 

2001

Expressivo, complexo, com aromas bastante minerais e frutados, passas. Paladar seco, com taninos finíssimos e presentes, com grande equilíbrio. É sério e para longa guarda, ainda começando sua vida.

Nota: 98 pontos

 

1999

Embora jovem é muito expressivo, quente e denso, com compotas, frutas maduras, madeira, tostados, muitas especiarias. Paladar gordo, opulento, macio e longo. Delicioso e encantador, contudo não demonstra de grande potencial de longevidade.

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Nota: 98 pontos

 

1995

De uma garrafa magnum (o que faz grande diferença em vinhos mais velhos). Encorpado, robusto, seco, sério, elegante e um pouco fechado. De grande estrutura moldada por taninos finos presentes e boa acidez. Ainda muito jovem e longe de seu auge, deve evoluir por décadas.

Nota: 98 pontos

 

1990

Duas garrafas testadas, uma deles com uma ponta de TCA que prejudicou o vinho e a outra espetacular. Um grande ano, opulento, quente, expressivo, com muitas frutas negras, musgo, taninos doces bem presentes, irresistível. Não foi minha maior nota mas foi o vinho que mais me encantou.

Nota: 99 pontos

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1989

Um Échézzeaux gordo e expressivo, de um ano quente, entrando em seu auge. Aroma intenso, aberto e complexo, paladar largo e macio, muito equilibrado.

Nota: 98 pontos

 

1988

De uma garrafa magnum. Granada claro com reflexos alaranjados, aromas complexos, com notas florais, de terra molhada, de chá, paladar seco e longo, com taninos presentes, ainda vivos. Um vinho austero, ainda jovem e na ascendente.

Nota: 98 pontos

1978

Das duas garrafas provadas uma estava excelente e outra era simplesmente a perfeição.

Expressivo e poderoso, esta famosa safra não decepcionou, com notas minerais, de musgo, frutas maduras, taninos finíssimos ainda presentes. Um vinho completo e perfeito em seu auge.

Nota: 100 pontos

 

1953

Foi a maior surpresa da prova. 1953 é considerado um ano apenas médio, mas esta garrafa estava excepcional e foi de longe o melhor dentre os vinhos mais velhos da prova. Muito expressivo nos aromas, etéreo, com notas com de sous bois, mineral terroso, especiarias, frutas secas, paladar macio, pronto e redondo, um maravilhoso e perfeito borgonha maduro.

Nota: 99 pontos

 

1935

Não foi um dos mais bem pontuados da prova, mas destaco aqui pela emoção de provar uma vinho tão antigo mas ainda prazeroso. 1935 foi um ano de vinhos tânicos e longevos, e aqui está a prova, com um caldo denso, quase cremoso, com cor a aromas que lembram um Porto Tawny muito velho, totalmente etéreo e paladar muito macio e longo.

Nota: 90 pontos

 

 

 

Safra

Nota

Safra

Nota

Safra

Nota

Safra

Nota

Safra

Nota

2009

97

1999

98

1989

98

1979

97

1969

off

2008

95

1998

93

1988

98

1978

100

1967

92

2007

97

1997

94

1987

97

1977

94

1966

95

2006

94

1996

92

1986

93

1976

97

1964

off

2005

98

1995

98

1985

97

1975

off

1962

off

2004

92

1994

89

1984

93

1974

90

1961

off

2003

91

1993

91

1983

93

1973

89

1959

90

2002

98

1992

96

1982

96

1972

90

1958

94

2001

98

1991

off

1981

92

1971

90

1957

94

2000

95

1990

99

1980

95

1970

91

1953

99

1952

93

1935

90

 

Marcelo Copello (mcopello@simplesmentevinho.com.br)

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