Sangria e Clericó – a cara do Carnaval e do verão
Pêssegos, morangos, limas, limões, amoras, abacaxis, laranjas, cerejas. O Brasil é um país que abunda em diversidade e opções de frutas. O verão brasileiro é conhecido por seus biquínis, suas praias, sua alegria. O crescente mercado brasileiro de vinhos, tanto nacionais quanto importados, ajuda a formar o cenário ideal para a degustação de uma boa […]
Pêssegos, morangos, limas, limões, amoras, abacaxis, laranjas, cerejas. O Brasil é um país que abunda em diversidade e opções de frutas. O verão brasileiro é conhecido por seus biquínis, suas praias, sua alegria. O crescente mercado brasileiro de vinhos, tanto nacionais quanto importados, ajuda a formar o cenário ideal para a degustação de uma boa sangria ou clericó. Assim como as frutas, receitas e locais para degustá-las não faltam no país. Em um país tropical como o Brasil, não se podem desprezar drinques e coquetéis leves e refrescantes. Para ajudar a costa brasileira a aderir a essa tendência, que já se espalha por bares e restaurantes de São Paulo e Rio de Janeiro, conto um pouco sobre a sangria e o clericó e reserva algumas receitas deliciosas para quem quiser se aventurar.
A sangria é um dos drinques clássicos mais associados à Espanha e também a Portugal. O clericó, de origem francesa (clericot), carrega o mesmo conceito, mas se difundiu principalmente na América Latina, em países como Uruguai e Argentina e é feito preferencialmente com vinhos brancos. Nestes países, cada família tem sua receita, todas apreciadas, das mais tradicionais às mais vanguardistas. A tradição é reflexo da cultura e dieta mediterrâneas. As frutas sempre foram importantes nessa gastronomia, consumidas in natura, como doces, conservas ou em forma de bebidas.
Na Antiguidade, o vinho raramente era bebido puro, por ser considerado forte e pesado, sendo quase sempre diluído e misturado. O ato de adicionar água ao vinho era chamado de sangria. A referência a “sangre” (sangue em espanhol), implícita em seu nome, não é gratuita, deve-se à cor do vinho tinto e ao fato de a bebida ser “aliviada”, enfraquecida, pela água, da mesma forma que o tratamento de saúde homônimo supostamente alivia a pressão sanguínea do paciente. O tradicional ponche nasceu nas casas humildes espanholas antes de chegar aos grandes salões e transformar-se em um dos drinques mais populares do planeta.
As dicas para uma boa sangria são: preparar a mistura horas antes, para que os ingredientes se tornem homogêneos, porém as frutas só devem ser adicionadas pouco antes do consumo, sob pena de oxidarem e escurecerem. Portanto, deve-se usar sempre ao menos uma fruta cítrica (limão, laranja, abacaxi fresco), pois mantém a boa acidez da fórmula, que deve se contrapor ao açúcar adicionado e ajuda a manter o frescor e a cor das demais frutas.
Além dos cítricos, pêssego, morango, cereja, maçã, pera, kiwi, manga, cereja e uva são igualmente bem-vindos. As frutas mais amargas, como banana, figo, ameixa e melão são dispensáveis. Economize no açúcar para não tornar a mistura enjoativa. O principal é manter o espírito popular e informal da bebida, improvisando a própria receita. Esta pode, por exemplo, levar especiarias, como cravo e canela, ser adoçada com mel ou licores como Cointreau e Amaretto, temperada com algo picante, como Tabasco, e até decorada com hortelã fresca. Fica a critério de quem vai pilotar a poncheira. O ingrediente principal, o vinho, deve ser escolhido com sabedoria. Não se deve usar um exemplar que seja caro, pois seria um crime diluí-lo. Por outro lado, utilizar uma bebida intragável seria o mesmo que destruir a receita. A recomendação aqui é a de que sejam usados vinhos jovens e de boa acidez. Evite os vinhos tânicos ou com paladar marcante de carvalho, pois estes tendem ao amargor. Não se limite aos tintos. Brancos e espumantes podem gerar excelentes resultados. Descarte os Chardonnays barricados e dê preferência a vinhos mais ácidos, como os Sauvignon Blanc, Riesling, Trebbiano, Pinot Grigio, Tocai Friuliano, Frascatti. Os espumantes levam vantagem por sua grande acidez.
Uma mistura de espumante com pêssegos, morangos ou cerejas, uma gota de mel e bastante gelo seria uma boa companhia para um canapé de frutos do mar com lulas ou camarões fritos.
No Brasil, o sol não tem estação. Nem a sangria. Apesar de ser considerada um alívio para o verão, pode ser tomada o ano todo, como coquetel em festas, ao recepcionar amigos. Vale lembrar, porém, que nem sangria nem clericó são drinques sérios. As receitas não devem ser rígidas, mas adaptáveis ao que estiver disponível no momento e ao humor dos que bebem. Acima de tudo, são coquetéis que se adaptam perfeitamente ao nosso clima quente, nossa variedade de frutas e notável capacidade de improvisação.
Listo a seguir algumas receitas para que você adote esta ideia neste verão.
Água de Valência
Ingredientes
300 ml de espumante cava gelado
1 xícara de suco de laranja gelado
40 ml de Cointreau
1 colher de sopa de açúcar
5 unidades de gelo
Rendimento: 1 porção (510 ml)
Preparo
1. Resfrie o suco de laranja e a cava
2. Coloque o suco de laranja em uma jarra
3. Acrescente o Cointreau e o açúcar misturando bem
4. Adicione a cava e mexa vagarosamente
5. Adicione os cubos de gelo ao final
Receita oferecida pela consultoria Aguce Gastronomia.
Sangria Berta
Ingredientes
100 g de lichia
100 g de morango
2/4 de limão-siciliano
300 ml de suco de cranberry
500 ml de espumante
100 ml de vodca
12 cubos de gelo
4 unidades de botões de rosas para decoração
Preparo
Em uma jarra, colocar todas as frutas e adicionar suco de cranberry , vodca, gelo e, por fim, o espumante . Não há necessidade de acrescentar açúcar. Decorar com os botões de rosas. Rende um litro.
Receita do barman João de Souza, do Dui Restaurante
(www.duirestaurante.com.br)
Alameda Franca, 1590, Jardim Paulista, São Paulo (SP).
Telefone: 11 2649.7952
Sangria El Patio
Ingredientes
1 garrafa de vinho tinto Tempranillo de 750 ml
Frutas picadas: abacaxi, maçã, laranja, morango
250 ml de Sprite ou água com gás
50 ml de Cointreau
Açúcar a gosto
Gelo em cubo
Preparo
Coloque numa jarra o gelo, as frutas e a Sprite.
Por cima coloque o vinho previamente resfriado, misture com uma bailarina. Por último, acrescente a dose de Cointreau e o açúcar. Misture novamente e está pronto para servir.
Receita do El Patio Empório Restobar (www.elpatio.com.br).
Rua Normandia, 12. Moema, São Paulo (SP).
Telefone: 11 5536-0490
Receita de família
Ingredientes
1 garrafa de vinho tinto de boa qualidade
1/2 litro de refrigerante de limão
3 pêssegos amarelos em pedaços
1 laranja em pedaços
Raspas de noz moscada (1/4 de uma bolinha)
Raminho pequeno de hortelã
Açúcar e gelo a gosto
Preparo
Colocar o refrigerante, os pêssegos e a laranja em uma jarra.
Acrescentar o vinho, o açúcar o gelo e mexer. Por último, incluir a hortelã e as raspas de noz moscada. Servir. Receita oferecida diretamente de Portugal, pelo vinhateiro Luís Pestana Cruz
Taça de sangria de cava
Ingredientes
3 morangos
¼ de maçã verde
5 uvas Thompsom
1/2 ameixa ou pêssego
1 garrafa de minicava córdon negro (freixenet) gelado
20 ml de Cointrea
Preparo
Cortar todas as frutas em forma de lâmina, colocar numa taça de vinho tinto com o Cointreau, gelo e a cava.
Receita do restaurante Torero Valese
(https://www.torerovalese.com.br)
Rua Horário Lafer, 638, Itaim Bibi, São Paulo (SP).
Telefone: 11 3168-7917
Sangria Fresas
Ingredientes
20 g de açúcar
500 ml de Conde Foucauld Rosado
40 ml de brandy Domecq
4 pedras de gelo
80 g de laranja
16 g de morango
¾ de uma lata de refrigerante de limão
Preparo
Descasque a laranja e reserve; corte as frutas na metade e depois em meia-lua. Coloque o vinho tinto resfriado na jarra;
Adicione o Domecq e o refrigerante de limão.
Acrescente o açúcar e mexa bem; acrescente as frutas e misture;
reserve por até meia hora na geladeira antes de servir.
Receita do Venga Bar de Tapas (https://venga.com.br)
Rua Dias Ferreira, 113, Leblon, Rio de Janeiro (RJ).
Telefone: (21) 2512-9826
(matéria originalmente publicada na reivsta BACO)