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William Reis

Por William Reis, coordenador-executivo do AfroReggae Materia seguir SEGUIR Seguindo Materia SEGUINDO

Artistas e empresários se unem pela solidariedade no Rio

Luciano Huck, Taís Araújo e Armínio Fraga fazem sua parte e pedem que a solidariedade permaneça no Rio após o COVID19.

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11 Maio 2020, 16h28
Solidariedade vem para ficar (Cocoparisienne/Reprodução)
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Nas últimas eleições, o Rio mostrou-se uma cidade dividida e polarizada no que se refere às pautas sociais. Mas nesse momento em que o Coronavírus já atinge as favelas e os movimentos sociais organizam uma força-tarefa para entregar materiais básicos aos seus moradores, o Rio de Janeiro se une e surgem exemplos de solidariedade em diferentes regiões. A Covid-19 obriga a sociedade a repensar seus valores e certamente deixará algumas lições. Esperamos que esses exemplos sejam incorporados à cultura da cidade e dos cariocas e que contar a história de alguns deles sirva como inspiração para outras pessoas nesse momento tão delicado que vivemos.

Sempre envolvido em causas sociais junto ao AfroReggae, Luciano Huck faz parte dos 27 anos da instituição. Embaixador do projeto “Segunda Chance” – uma agência de empregos para egressos do sistema prisional que promove a ressocialização dos que saem das prisões e enfrentam o preconceito para recomeçar suas vidas – Luciano é um dos aliados desse projeto.

O apresentador encontrou uma forma simples de engajar a própria família e criou o “Exemplo arrasta”, uma das iniciativas que vem ajudando projetos sociais a atuar em territórios que dependem da solidariedade. ‘’Entendi que a fome de fato chegaria primeiro do que o vírus nas comunidades. E além disso estava levantando a bandeira de que a solidariedade deveria ser mais contagiosa do que o vírus’’, afirma Luciano em um bate-papo via WhatsApp.

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Luciano Huck e William Reis em reunião na casa do apresentador em 2019. (AfroReggae/Reprodução)

O fundo, que começou em sua própria família e ganhou outros adeptos, tem hoje quinze doadores e ajuda 75 instituições em quinze estados. ‘’Fizemos uma doação familiar e convoquei amigos próximos a fazerem o mesmo. Colocamos os recursos na Sitawi, que é uma gestora especializada em fundos de filantropia para que tudo ficasse 100% correto. Depois de estruturado, começamos a buscar empreendedores sociais, um a um. Alguns eu conhecia pessoalmente, outros nós pesquisamos ou eram relacionados a iniciativas sociais já conhecidas. Usamos basicamente as minhas andanças nos últimos vinte anos pelo país. Isso inclui o AfroReggae. E é para essas instituições que estamos destinando as doações.”

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A atriz Taís Araújo, formada em jornalismo, atua há algum tempo na luta contra o racismo e em defesa da mulher. Ela é um símbolo de sucesso, carisma, força e um exemplo para tantas pessoas que ainda sofrem com o racismo e o preconceito. Carioca, já morou com os pais em Pilares e depois no Méier. Hoje Taís Araújo é símbolo da ação “Mães da Favela”, um projeto da CUFA que tem como objetivo levar renda mínima para auxílio a milhares de mães do Brasil. Só através da atriz, o projeto arrecadou e distribuiu 1 milhão de reais. E tem mais de 10 milhões para dar continuidade à ação.

Taís, que em 2017 foi uma das cem personalidades afrodescendentes mais influentes do mundo abaixo dos 40 anos, sente um misto de orgulho e emoção por ser um símbolo na luta contra a Covid-19. ‘’As pessoas acham que eu doei 1 milhão. Eu adoraria, mas a verdade é que eu movimentei um milhão de reais. Eu fiz uma campanha para um banco, doei meu cachê, eles dobraram e colocaram mais um valor para que chegasse a 1 milhão de reais. E o projeto que eu escolhi foi o da CUFA, ‘Mães da Favela’’’, conta a atriz.

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Taís Araujo símbolo das mães de favela (ZYB produções/Reprodução)
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‘’Há uma quantidade de mães sozinhas, profissionais autônomas, que nesse momento não tem como alimentar suas famílias. Essas mulheres já vivem em vulnerabilidade e agora, com a Covid-19, a situação será ainda pior.  Fico muito feliz de conseguir movimentar esse dinheiro e saber que estaremos ajudando muitas famílias. Espero que essa onda solidária e que essa onda de entendimento do outro, independente da origem e da classe social, seja fundamental para nossa existência. Espero que o legado da pandemia seja a permanência da solidariedade’’, afirma Taís, que é uma das mais importantes atrizes da atualidade.

Os exemplos de solidariedade são muitos em nossa cidade. O AfroReggae está no segundo mês de doações a comunidades vulneráveis e muitas pessoas de diferentes universos tem se juntado a nós em novas e antigas parcerias, vale ressaltar que algumas das ações são em favelas que a ONG atua em parceria com AMBEV uma forte aliada que patrocina o AfroReggae   desde 2016. Outra figura é o economista Armínio Fraga, que depois de ler a matéria “Movimentos sociais como peça-chave para o combate ao Coronavírus” e constatar a pouca interação entre os moradores do Leblon e da Cruzada São Sebastião, reuniu-se com o fundador do projeto “Basquete Cruzada” Wagner Silva.  Dessa reunião nasceu mais uma parceria entre pessoas do bem, em prol de uma cidade mais justa e menos dividida. Armínio defende a economia com responsabilidade social para reduzir as desigualdades e permitir que o país avance também para a população que vive em estado de vulnerabilidade.

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Economista Armínio Fraga novo colaborador do Basquete Cruzada no Leblon (Miguel Sá/Reprodução)
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Outro exemplo é o ex-presidente do Grupo Bozano, Paulo Ferraz, que sempre abriu as portas de sua casa para ajudar o AfroReggae. Nos anos 2000, organizava apresentações da Orquestra AfroReggae para arrecadar fundos para o projeto, além de apoiar o projeto Segunda Chance. Paulo criou laços de afinidade com os integrantes do projeto e continua me abrindo as portas de sua casa, onde busco conselhos para ser um bom gestor. É também um dos aliados do AfroReggae na iniciativa de entrega de cestas básicas em favelas do Rio.

Um movimento de organização, que acontecia de forma tímida antes da pandemia, hoje reúne antigos e novos aliados na luta contra a desigualdade em nossa cidade. Como disse Taís Araújo, esperamos que essa onda de solidariedade venha para ficar. O Rio é uma cidade maravilhosa, mas convive com diferentes realidades. Entendemos que conectá-las é essencial para que a cidade possa evoluir para um futuro melhor. Com certeza, a Covid-19 deixará como legado conexões, lições e novas parcerias em prol do Rio.

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