A área gourmet do Rock in Rio é gourmet mesmo? Nosso crítico responde

Espaço com cardápios assinados pela chef Heaven Delhaye é campeão de filas na primeira noite do festival

Por Pedro Landim
Atualizado em 14 set 2024, 13h07 - Publicado em 13 set 2024, 21h06
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Chef Heaven Delhaye: à frente do menu da Gourmet Square, do Rock in Rio (Vitor Faria/Divulgação)
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Uma lasanha de costela desfiada no potinho redondo é a prova dos nove para fome que procura um “algo a mais” no Rock in Rio, um evento de elevado gasto calórico e, podemos dizer assim, teor etílico. Para o corpo, é uma espécie de aulão de ginástica (cardio e musculação) que dura o dia inteiro – com música ao vivo da boa, diga-se de passagem.

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A chef Heaven Delhaye, que tem quatro restaurantes no Rio, ancorados pelo D’Heaven, no luxuoso Village Mall, e faz nas casas um apanhado de Itália e França caprichado em processos e apresentações, foi escalada para cuidar de toda a operação da Gourmet Square, que na última edição esteve dividida entre várias marcas de sucesso.

Na movimentada área coberta e climatizada, que anuncia cardápios mais sofisticados e preços elevados em relação às outras dezenas de opções na Cidade do Rock, a lasanha esperta criada pela chef é talhada para o serviço numeroso. Vendida a R$ 58,00, é o item individual comestível mais caro do Rock in Rio, ao lado do arroz cremoso de camarão com leite de coco, catupiry e cebola crocante também do Gourmet Square. Camarão, aliás, não nada por outros cantos no festival.

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Gratinada com muito queijo em potinhos redondos, sobre a versátil costela bovina assada longamente, também usada ali em sanduíches, arrozes e bolinhos, a lasanha é cercada por grandes pontas da massa crocante, como um biscoito, para se comer com as mãos. O item de apresentação divertida, inclusive, está em cartaz no restaurante oficial do Bob Esponja, em São Paulo, sob o comando de Heaven Delhaye.

A chef pode dizer que o prato é feito pela “nonna” sem cair na conversa fiada, porque sua mãe francesa e cozinheira, Jeanne, está diretamente envolvida no controle de produção da lasanha. Assim como o irmão, Ricardo, que completa o núcleo familiar da empreitada que envolve oito cozinhas no Rock in Rio.

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Quer pagar quanto?

Mas quanto custa lançar o “raio gourmetizador” no festival? Em longo passeio pela Cidade do Rock, onde todo passeio é longo, encontramos a amada e nutritiva costela bovina (com o perdão dos vegetarianos), em itens como o arroz de costela da rede de bares Mané, com mussarela e farofa de bacon, vendido a R$ 48,00. No Gourmet Square, o arroz de costela tem tomates assados e cebolas crocantes por R$ 53,00.

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Nos sanduíches, a diferença é um pouco maior. Quando o assunto é cachorro quente, o cheddar bacon dog da área gourmet de Heaven sai por R$ 39,90. É praticamente o mesmo preço que se paga pelo combo de cachorro-quente, chope e batata chips, que custa R$ 40,00 no tradicional Geneal, localizado próximo ao novo espaço Global Village. O hot dog de linguiça, cheddar e bacon da Geneal custa R$ 30,00.

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Lanches para a fome rápida, como os infalíveis salgados “árabes”, de feitio parecido em todos os pontos de venda, também têm preços bem diferentes. No Gourmet Square, a esfiha custa R$ 22,00, e a kafta sai por R$ 32,00. Na lanchonete árabe Nasaj, os mesmos itens saem por R$ 15,00 e R$ 18,00, respectivamente.

O bom e clássico hambúrguer, por sua vez, no menu de Heaven tem versões caprichadas a R$ 49,00, como o de carne de costela com queijo, alface, tomate, cebola, picles e maionese verde. No Bob’s, o Big Rock, com dois hambúrgueres, queijo e molho saem por R$ 33,00. No caso, é preciso levar em consideração a evidente diferença em relação à qualidade da carne, e a gramatura que é mais do que o dobro no caso “gourmet”.

Ingredientes melhores são mais caros, e o ingrediente é fator principal quando se fala em gastronomia de qualidade. Um festival onde se espera 700 mil pessoas é uma operação de guerra, e cabe ao público descobrir o quer quer comer e o quanto deseja ou pode pagar. Avaliar se a diferença de preço se reflete no up grade de sabor. Parece que as expectativas foram atendidas, a julgar pelas filas que tomam quase todo o ambiente da Gourmet Square.

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Aos cervejeiros convictos, vale a dica: lá tem chopes da IPA Lagunitas e da witbier Blue Moon (ambos R$ 24,00, 400 ml; e R$ 20,00 o refil). A Baden Baden está presente em chopes e garrafas, com um pequeno menu que faz sugestões de harmonização. Para as costelas, vá de IPA (R$ 21,00, 400 ml; e R$ 17,00 o refil). Ainda tem show que não acaba mais pela frente.

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