Vamos cancelar o estrogonofe?
Sabores cariocas da receita russa que está gerando polêmica em tempos de guerra vão do camarão à moela. Conheça seis boas versões
Seria banguela o conde Stroganov? Não se sabe ao certo as condições exatas da invenção da mais famosa receita russa, nos aposentos luxuosos da família que batizou o prato, mas o professor e historiador Luiz Antônio Simas apresentou em postagem no Instagram a curiosa versão que mais lhe apetece: com a boca em estado crítico (eram tempos difíceis no início do século XIX), o aristocrata teria recebido de seu cozinheiro francês um prato com a carne picadinha e banhada em creme de leite para ficar cremosa e dispensar os dentes na mastigação.
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O negócio é que estrogonofe ganhou o mundo, virou prato do dia a dia e surge nas manchetes depois de ser ‘cancelado’ pela chef Janaína Rueda, no Bar da Dona Onça, um dos mais badalados de São Paulo, em protesto, digamos, sui generis contra a invasão russa da Ucrânia. A voz gaiata da internet já se levanta indagando se teremos também que boicotar a música de Renato Russo, ou as montanhas-russas.
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De um jeito ou de outro, o fato é que a história deixou o pessoal louco por um bom estrogonofe, como também se percebe pelas redes sociais. Pois vamos a algumas boas versões em mesas cariocas, com a lembrança de que algumas delas, embarcando na brincadeira, deixariam o presidente russo Vladimir Putin com os poucos cabelos que lhe sobraram de pé.
Os amantes da moela, por exemplo, podem salvar a pátria com a versão criativa da Adega da Velha (Rua Paulo Barreto, 25, Botafogo, 2539-5047), que para a receita utiliza os miúdos que constam no repertório clássicos dos botequins, com champignons e acompanhados de arroz e batatas coradas (R$ 36,00). Uma prova, aliás, de que o estogonofe cariocou de vez.
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Para degustar o figurino clássico, e próximo ao que foi introduzido no Rio no início dos anos 1950 pelo barão austríaco Max von Stuckart, dono da mítica boate Vogue, em Copacabana, uma ótima opção está no Cortés Assador (Av. Afrânio de Melo Franco, 290, Leblon, 3576-9707). A casa de carnes utiliza para o prato cubos de filé mignon e cogumelos paris, no clássico molho, com arroz e batatas chips caseiras na escolta (R$ 68,00).
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Camarões? Temos e vale a viagem ao Gula Gula (Av. Alexandre Ferreira, 220, Loja A, Jardim Botânico, 3197-4797), onde o estrogonofe é servido aos domingos com os crustáceos em ponto correto e o molho bem temperado, sob palha de batata baroa e arroz branco ao lado (R$ 78,00).
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Se a ideia é pegar leve, sem o peso do exército russo, o Not Magic oferece versão vegana (R$ 58,00), preparada com cogumelos paris e shitake salteados, creme sem lactose, arroz cateto e batata palha assada. O projeto da nutricionista Patricia Davidson com o chef Ronaldo Canha oferece menus completos de pegada saudável pelo iFood ou no Instagram da marca (@notmagic.food).
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Na linha popular, o Galeto Bandeira faz seu estrogonofe com a carne tenra do franguinho na brasa que é um ícone nos balcões do Rio. O estrogonofe de galeto (R$ 52, para duas pessoas) é servido com arroz branco e batatas salteadas na casa tradicional da Praça da Bandeira (Praça da Bandeira, 43, 2273-8992).
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E o porco não poderia ficar de fora do enredo. O Porco Amigo Bar, com a primeira filial recém-aberta no Leblon, serve na matriz de Botafogo (Rua São Manuel, 43, 2137-4963) seu estrogonofe de filé mignon suíno com cogumelos paris, arroz branco e batatas fritas. Sai por R$ 37,90 no almoço executivo (terça a sexta, das 12h às 17h), e a R$ 69,00 nos fins de semana.
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Vale a menção de saudades em relação a duas casas inesquecíveis que se foram na cidade, donas de estrogonofes portentosos. Falamos da Polonesa, que fez história em Copacabana, e da Casa da Suíça, do falecido Volkmar Wendlinger, personagem importante da gastronomia carioca no século XX e conterrâneo do barão Max von Stuckart. Este, diga-se de passagem, também teria lançado por aqui o frango à kiev (o peito recheado com manteiga, empanado e frito), mas vamos deixar essa abordagem para quando a paz for restaurada, torcendo para o melhor desfecho.