Páscoa criativa traz ovos incrementados para muito além do chocolate
Com o preço do cacau nas alturas, a imaginação foi posta à prova e tem de tudo nas iguarias pascoais, de bolo de doce de leite a pink lemonade

Primeiro, a inflação que castiga o bolso dos brasileiros ganhou como símbolo o ovo de galinha, cujo preço disparou nas prateleiras. Remarcação daqui, remarcação dali, e o vilão da vez é o cacau, o que não poderia deixar de se refletir em outro gênero de ovo — o de Páscoa — já à venda com valores inflados. Para suavizar a elevação das cifras, fabricantes e confeiteiros estão se esmerando em acrescentar à receita generosas porções de caramelos, ganaches, geleias, biscoitos e outros vários sabores que dividem espaço com a encarecida matéria-prima dos exemplares que adoçam as prateleiras. Afinal, diminuir a quantidade de chocolate e preencher os ovos com ingredientes mais em conta ajuda a amortecer um reajuste que, mesmo assim, gira em torno de 35% para o consumidor país afora, segundo o IBGE. No final, o que se vê é uma inédita profusão de misturas que proporcionam diferentes experiências ao paladar.

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Foi-se o tempo em que os ovos surpreendiam por aqueles mimos que vinham no interior, como bombons, ovinhos em miniatura e brinquedos. Hoje, a tendência é valorizar sua casca com recheios diversos e acrescentá-los à própria massa. Até bebidas muito apreciadas aparecem para dar aquela graça a mais — na Kopenhagen, por exemplo, o sabor mais vendido neste ano nas mais de 800 lojas no país chama-se pink lemonade, inspirado na famosa limonada cor-de-rosa, e leva chocolate branco com morango e recheio cremoso de limão-siciliano. “Fazemos pesquisa de mercado nacional e internacional e ouvimos os consumidores. Cultivamos essa veia inovadora, ousando em sabor e textura, e o mercado acompanha a tendência”, diz Maricy Gattai, diretora-executiva da Kopenhagen.
Na ala artesanal, chefs como Itamar Araújo, que saiu do Copacabana Palace para abrir a Creamy Patisserie, produzem ovos de muitas cores e recheios, como o bolo com buttercream de doce de leite e flor de sal envolto por fina casca de chocolate branco. “A Páscoa vem com desejo por novidades. Temos que inovar para nos sair bem, o que inclui até as pinturas na casca, pelas quais já somos famosos”, afirma. É sob essa moldura que sobremesas e doces conhecidos de ocasiões festivas se incorporam aos ovos. O brigadeiro, já bastante visto em cascas e recheios, passou a dividir as atenções com pavê, cookie, bolo de cenoura, bem-casado, cheesecake de morango e até petit gâteau de doce de leite. Há ainda uma extensa lista no rol de produtos industrializados que fazem grande sucesso entre a criançada, como Oreo, Nutella, Sucrilhos — e mais.

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A brasilidade também se faz presente nas modernas composições, que contêm fartura de frutas, castanhas e ingredientes de identidade nacional. Também em alta, o pistache. “A gastronomia está em constante transformação, e a confeitaria também. Tem que surpreender, abusar da criatividade com frutas exóticas e ingredientes que transformem a celebração”, acredita a confeiteira Tainá Daumas, da Gamô, que investe na deliciosa combinação de ganache de baunilha do Cerrado, gel de cupuaçu e castanha-do-pará. Estreante nesta Páscoa, a marca Giro, da confeiteira Luísa Jungblut, vice-campeã do programa MasterChef e ex-chefe de confeitaria dos hotéis Emiliano, uma gaúcha radicada no Rio, oferece criativas misturas, que enveredam pela trilha das aplaudidas sobremesas preparadas por ela na TV. Numa das criações, Luísa se aventura por uma mescla de milho tostado com chocolate branco caramelizado e flor de sal. A safra 2025 pode até ter preço salgado, mas anda especialmente doce.
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