Sócio do Instituto da Cerveja diz as tendências do mercado para 2020

Estácio Rodrigues aponta ainda modismos como hard seltzers e cervejas com funcionalidade

Por Estácio Rodrigues
Atualizado em 13 fev 2020, 12h16 - Publicado em 5 fev 2020, 13h20
Estacio Rodrigues
Estácio Rodrigues é sócio e professor do Instituto da Cerveja (Arquivo pessoal/Divulgação)
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Nos últimos anos, você já deve ter reparado: a boa e velha cervejinha do dia a dia vem ganhando cada vez mais notoriedade. Os bebedores de plantão não querem apenas tomar a “estupidamente gelada” em copo americano. Eles querem mais. Querem saber onde é feita sua cerveja, quem a fez, por que é produzida daquela forma, quais as matérias-primas, o estilo e muito mais. Trata-se de um fenômeno global que foi abraçado com sede pelos brasileiros. Atualmente somos o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, atrás somente da China e dos Estados Unidos.

O fenômeno que mais impressiona por aqui, no entanto, é o aumento expressivo no número de microcervejarias. São mais de 1 200 no país, situadas basicamente no eixo Sul-Sudeste. Segundo apontam especialistas, esse mercado continuará em franca expansão nos próximos anos. A reboque, observamos também outro fenômeno, a diversidade de estilos produzidos. À medida que novas cervejarias são abertas, elas precisam equilibrar a demanda entre estilos populares e projetos criativos apaixonados, que as diferenciam de suas concorrentes.

Quando se trata de prever as tendências da cerveja artesanal, um dos maiores termômetros é o Great American Beer Festival. Grande evento cervejeiro, ele é realizado em Denver, no Colorado, e apresenta as principais novidades do mercado, ajudandonos a entender a evolução do segmento, ou seja, para onde estamos indo. Na última edição, alguns estilos chamaram atenção na competição. Teve cerveja com adição de especiarias, chocolate, café, mel e até mesmo com levedura de saquê.

Muito em breve, você vai ver, caro leitor, outros modismos chegando por aí. As hard seltzers, por exemplo, bebidas alcoólicas fermentadas e gaseificadas, com base de malte e adição de fruta, venderam mais que vinho branco nos Estados Unidos em 2019. Isso não é fake news. Outras promessas são as cervejas com funcionalidade (que tal tomar uma cervejinha com colágeno?), com infusão de canabidiol e as session beers, com baixo teor alcoólico, mais “amigáveis” ao paladar dos consumidores iniciantes.

Aqui no Brasil alguns estilos já estão em evidência e começam a fazer parte do dia a dia do consumidor. Entre eles, podemos citar as cervejas ácidas, as versões com adição de lactose (que, gostem ou não, confere à bebida uma boa dose de cremosidade), aquelas envelhecidas em barril e as mil e uma variações da IPA — Session IPA, Double IPA, Black IPA, New England IPA, Brett IPA e agora a Brut IPA, borbulhante. Diante desse cenário em ebulição, não há dúvida de que ainda seremos surpreendidos com muitas novidades. Um brinde à cerveja e suas mil possibilidades!

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