Carioca nota dez: Nilcemar Nogueira

A nutricionista Nilcemar Nogueira coordena um projeto que preserva a memória do samba e promove a inclusão social na Mangueira

Por Thaís Meinicke
Atualizado em 5 dez 2016, 12h53 - Publicado em 18 jun 2014, 18h29
Felipe Fittipaldi
Felipe Fittipaldi (Redação Veja rio/)
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A carioca Nilcemar Nogueira tem o samba correndo nas veias. Neta de Cartola e de Dona Zica, é hoje uma das principais responsáveis por manter vivas a tradição e a história não só de sua família, mas também do ritmo musical. Tamanho envolvimento começou aos 14 anos, quando, após a morte do pai, foi morar com a mãe na casa dos avós. “Eu ainda era muito jovem, mas a convivência com grandes sambistas da época, como Zé Keti e Clementina de Jesus, me mostrou que, além da arte, havia todo o contexto de luta social que o samba representou no início do século passado”, conta. Ao acompanhar Cartola, Nilcemar percebeu que era preciso cuidar de seu acervo, para que as obras não se perdessem com o tempo. “Como o samba era uma coisa muito natural na rotina dele, não existia esse cuidado em guardar as composições. Ele escrevia as letras em qualquer papel que encontrasse pela frente, até em maço de cigarros. E fotografias, como eram uma coisa mais cara na época, também tinha poucas. Então eu comecei a tentar reunir tudo”, conta.

“O museu é um lugar dinâmico, de participação, que pertence à Mangueira e a todos os cariocas”

Fundado em 2001 na Mangueira, o Centro Cultural Cartola abriga o Museu do Samba, com o acervo da obra do compositor e outros objetos que perpetuam mais de um século da história do ritmo musical no Rio. Com o objetivo de despertar o interesse dos mais jovens pela cultura e manter viva a tradição, o espaço desenvolve paralelamente uma série de iniciativas de cunho social, com aulas de música, dança, atividades esportivas e profissionalizantes, atendendo diretamente 400 pessoas por mês e, indiretamente, por meio de palestras e eventos, mais de 2?000 pessoas. “Se ontem o museu era um lugar destinado apenas a reunir objetos que possuem uma história, hoje tem uma nova concepção, mais dinâmica. É um lugar de participação, que pertence não só à Mangueira, mas a todos os cariocas”, explica Nilcemar, que foi responsável também pelo processo no Iphan que, em 2007, reconheceu o samba como patrimônio cultural do Brasil. Ao abrir as portas para as crianças e adolescentes do morro na Zona Norte, o projeto tem a ambição de manter viva essa história.

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