Escolas introduzem jogos e atividades lúdicas para fixar conceitos

Sem recorrerem à tecnologia, atividades são usadas a fim de desenvolver habilidades dos alunos

Por Rafaella Severo
Atualizado em 2 jun 2017, 12h22 - Publicado em 31 out 2015, 00h00
Alunos
Alunos (Bianca Pimenta/Veja Rio)
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Balas de goma multicoloridas, cobertas de açúcar, têm muito mais a ver com a hora do recreio da criançada que com as aulas em si. As jujubas, entretanto, vêm sendo um recurso importante no aprendizado de geometria em uma escola da Zona Oeste. A proposta, aplicada pela professora de matemática Margarete Camila aos alunos do 6º ano do ensino fundamental II do Centro Educacional Fernandes Marques, nasceu com o objetivo de acrescentar um elemento lúdico a um conteúdo árido e de pouco apelo. “Eu sentia dificuldade de fazê-los compreender as formas tridimensionais da geometria”, recorda a professora. Tal empecilho levou-a a procurar um modo de aproximar o conteúdo do universo da meninada. Com isso, as guloseimas se transformaram em pontos de conexão nos vértices de pirâmides e cubos construídos com palitos. A ação simples teve resultado surpreendente. Em pouco tempo, a turma, que não demonstrava o menor interesse pelo assunto, agora se empolga com as aulas. “Com as balas, as aulas se tornaram uma brincadeira dinâmica, pois é possível criar formas ilimitadas”, explica Margarete. Para a aluna Marcelly Marques, de 11 anos, dar origem a formas tridimensionais desmistificou a geometria: “Os desenhos no quadro me deixavam meio perdida, eu não conseguia entender. Com as jujubas, tudo ficou mais fácil e divertido”.

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Estratégias de ensino voltadas para o experimento e as sensações são cada vez mais aplicadas e aceitas nas escolas. Elementos lúdicos, antes restritos aos períodos de lazer, têm sido incorporados como uma poderosa ferramenta pedagógica. “Pais e educadores estão abrindo a cabeça para a ideia de que não é a decoreba o mais importante, e sim explorar a capacidade e o potencial do indivíduo”, afirma a psicopedagoga e coach estudantil Sorahya Bellard. Estudos de programação neurolinguística (PNL) apontam a existência de três modalidades de aprendizagem: visual, auditiva e cinestésica, focada nas sensações táteis, a famosa “mão na massa”. “Uma experiência concreta que estimula todos os sentidos do aluno certamente potencializará o seu aprendizado”, diz Sorahya.

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Ao ingressarem na sala no primeiro dia da aula de fundamentos da multiplicação, os alunos da Escola Parque da Gávea encontram uma situação inusitada: uma mesa bagunçada repleta de diferentes tipos de sorvete, calda e confeito. “Eles precisam organizar os ingredientes e dispor os elementos para visualizar as diversas e deliciosas possibilidades combinatórias entre os sabores e seus acompanhamentos”, explica Adriana Rocha, professora da turma do 4º ano do ensino fundamental. É a lógica da estrutura multiplicativa que abre as portas do conhecimento com um toque especial de diversão. E o resultado positivo do método é visível entre os alunos, animadíssimos com a novidade. “Vou poder calcular quantos sabores diferentes posso provar na casa da minha avó, que sempre compra sorvete para a sobremesa”, conta Joaquim Antônio Almeida, de 9 anos. Na mesma escola, pizza e chocolate são usados para o ensino do cálculo de frações no 5º ano. “Não importa o produto. O que vale é partir de situações concretas da rotina dos alunos para ilustrar a teoria e aju­dá-los na compreensão. Eles nunca mais esquecerão”, comenta a orientadora pedagógica do 4º e 5º anos, Teresa Maia.

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No Colégio PH da Tijuca, a brincadeira de criação com peças de Lego estimula os alunos do 1º ao 7º ano do ensino fundamental a criar de tudo — de máquinas de complexo funcionamento a instrumentos musicais. A cada bimestre, a professora de ciências Patricia Gorgita desenvolve com as crianças e os adolescentes montagens específicas de cada disciplina. Em quarenta minutos, um grupo de quatro estudantes do 7º ano é capaz de fazer uma esteira seletora de material reciclável; outro, uma guitarra com todo o seu princípio de funcionamento. “Além do trabalho de fixação de conteúdo ministrado dentro da sala, desenvolvemos o raciocínio lógico dos alunos, que precisam de foco, paciência, atenção e espírito de equipe. Se houver algum erro na colocação de uma única peça, todo o funcionamento estará comprometido”, comenta Patricia. A aluna Luisa Loureiro, de 12 anos, comemora o resultado das sessões de montagem de peças de plástico: “Passei a ser mais organizada em casa, pensando em como poderia encaixar minhas coisas em caixas, e tenho mais noção do espaço e do tamanho das coisas”, diz a garota, que agora não quer saber de outra coisa, a não ser estudar brincando.

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