Fogo no câmpus da UFRJ evidencia descaso com a universidade

Incêndio na reitoria faz lembrar a tragédia que destruiu a capela histórica na Praia Vermelha, em 2011

Por Pedro Tinoco
Atualizado em 5 dez 2016, 11h01 - Publicado em 8 out 2016, 01h00
Um andar em chamas: acidentes como o do dia 3 trazem de volta o debate necessário sobre a preservação da UFRJ
Um andar em chamas: acidentes como o do dia 3 trazem de volta o debate necessário sobre a preservação da UFRJ (Marcelo Carnaval/Ag. O Globo/)
Continua após publicidade

Às 22h20 da segunda-feira (3), bombeiros do 19º GBM, na Ilha do Governador, e do destacamento da Ilha do Fundão tomaram o rumo do câmpus da UFRJ. No prédio da reitoria da universidade, labaredas consumiram o 8o, e último, andar do edifício. Passados o susto e o rescaldo, vêm os transtornos de sempre — alunos sem aula, o cálculo dos prejuízos — e as igualmente recorrentes manifestações panglossianas de alívio. Na segunda lista, a do otimismo, comemorou-se a preservação de documentos importantes para a rotina burocrática e, principalmente, o fato de que o fogo não atingiu um tesouro guardado naquele endereço. Acomodado no 7o andar do prédio da reitoria, o Museu dom João VI abriga em sua coleção relíquias que remontam à chegada da Missão Artística Francesa ao Brasil, em 1816. Fundada em 1826, a Academia Imperial de Belas Artes amealhou um rico acervo que, na vigência da República, em 1937, viria a ser dividido: a maior parte robusteceu o Museu Nacional de Belas Artes, criado naquele ano. Outro naco precioso, de caráter mais didático, permaneceu sendo usado nas aulas e, desde 1979, estava reunido na unidade que por pouco não foi lambida pelas chamas. Na contabilidade do “ufa!” entraram 800 gravuras, 480 pinturas e um livro de Grandjean de Montigny (integrante da Missão Artística) sobre a arquitetura toscana, escrito em 1815. Chegou a circular a notícia de que uma bela Nossa Senhora da Conceição, do início do século XIX, teria escapulido de sua segunda condenação à fogueira — a imagem decorava a Capela São Pedro de Alcântara, de 1851, localizada no câmpus da Praia Vermelha e consumida por outro fogaréu em 2011. A bem da verdade, a santa já estava no Fundão, para ser restaurada, quando a capela foi destruída, e, sim, safou-se desta vez. Antes que o próximo desastre aconteça, está mais do que na hora de os responsáveis pela instituição, herdeira da primeira universidade do Brasil, cuidarem melhor desse tesouro que têm sob seu cuidado, mas que pertence a todos nós.

Publicidade

Essa é uma matéria fechada para assinantes.
Se você já é assinante clique aqui para ter acesso a esse e outros conteúdos de jornalismo de qualidade.

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

Impressa + Digital no App
Impressa + Digital
Impressa + Digital no App

Informação de qualidade e confiável, a apenas um clique.

Assinando Veja você recebe mensalmente Veja Rio* e tem acesso ilimitado ao site e às edições digitais nos aplicativos de Veja, Veja SP, Veja Rio, Veja Saúde, Claudia, Superinteressante, Quatro Rodas, Você SA e Você RH.
*Para assinantes da cidade de Rio de Janeiro

a partir de 39,96/mês

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.