Disputa fora de campo

Em boa fase no Brasileirão, os grandes times do Rio reformam suas instalações

Por Renan França
Atualizado em 5 jun 2017, 14h52 - Publicado em 26 ago 2011, 16h49
Fernando Lemos
Fernando Lemos (Redação Veja rio/)
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O futebol carioca vive um momento raro nos gramados. Classificados entre os oito primeiros colocados na tabela do Brasileirão antes da rodada deste fim de semana, Vasco, Flamengo, Fluminense e Botafogo fazem até agora a melhor campanha em pontos corridos desde que a fórmula foi adotada, em 2003. Pois a boa fase dentro de campo corresponde a uma bela mexida fora das quatro linhas. Depois de um longo período de descaso, as quatro grandes forças do Rio estão modernizando simultaneamente suas instalações. Líder em investimento, com 20 milhões de reais, o rubro-negro da Gávea começou a erguer seu centro de treinamento em Vargem Grande, projeto com previsão de conclusão para junho de 2012. Com um aporte de 18 milhões, o alvinegro de General Severiano reformou a sede e construiu uma piscina olímpica suspensa na sede de Botafogo. Entre outras mudanças, o clube de São Januário planeja inaugurar 38 camarotes no anel superior de seu estádio ainda neste ano e abrir uma loja de 1?000 metros quadrados com produtos licenciados. Em menor escala, o tricolor deu início à restauração da sua sede, em Laranjeiras, e até dezembro fecha a compra do terreno para treinos da equipe profissional, provavelmente na Barra. ?É um renascimento para o nosso futebol?, afirma Maurício Assumpção, presidente do Botafogo.

A impressão é que, depois de um coma profundo, os dirigentes das maiores forças da cidade acordaram, ao mesmo tempo, para a necessidade de profissionalizar a sua gestão. Quem largou na frente neste campeonato paralelo foi o Botafogo. Desde a chegada da atual diretoria, em janeiro de 2009, foi realizado um mapeamento de todas as áreas e departamentos do clube. Com o estudo em mãos, tornaram-se mais fáceis o diagnóstico das maiores deficiências de estrutura e a nomeação de executivos para cuidar dos setores que precisavam de modernização (veja o quadro na pág. 28). Toda essa transformação começa a render frutos. Nos últimos três anos, o número de associados do Glorioso, com pagamento em dia das mensalidades, subiu de modestos 900 para 3?000. Crescimento semelhante ocorreu em todos os outros times. Mas o Vasco teve a arrancada mais impressionante. Saiu de também escassos 900 e chegou a 12?000 sócios pagantes.

Divulgação
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Com uma gestão eficiente e instalações mais modernas, um círculo virtuoso se inicia. Os torcedores ganham mais confiança, acabam retornando ao quadro de associados do seu time de coração e fortalecem ainda mais o clube e sua estrutura. No Brasil, o melhor exemplo da força que os sócios representam é o Internacional, do Rio Grande do Sul. Seus 106?000 sócios garantem uma renda anual de 40 milhões de reais. Esse dinheiro tornou-se fundamental para manter as finanças em dia e, não raro, é usado em contratações de peso (não custa lembrar que o Colorado foi a última equipe brasileira a ganhar o título mundial).

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Lá fora, os times ganham uma porcentagem significativa das suas receitas através de mensalidades pagas do quadro societário. O caso mais emblemático é o do Barcelona, que investiu recursos dos seus

170?000 associados para construir a nova sede de La Masia. O espaço para formação de atletas, com 6?000 metros quadrados e capacidade para 83 jovens, já revelou mais de setenta jogadores nos últimos trinta anos, entre eles o argentino Lionel Messi, considerado o melhor do planeta. Na final da última Copa do Mundo, nada menos que sete dos onze titulares da Espanha tinham passado pela fábrica de craques catalã. Andrés Iniesta, que chegou ao Barça aos 12 anos e marcou o gol do título, era um deles.

É claro que essa realidade dourada ainda está distante dos times daqui. Os empecilhos para superar décadas de incompetência são grandes ? em magnitude e cifras. Em um ranking recente sobre os clubes mais endividados do Brasil, os quatro do Rio figuraram entre os cinco primeiros da lista, somando quase 1,5 bilhão de reais em dívidas. No quesito estrutura, ainda ficamos bem atrás dos paulistas, gaúchos, mineiros e paranaenses. Apesar de termos faturado os dois últimos títulos brasileiros, apenas o Flamengo não foi rebaixado na década passada. E, mesmo assim, amargou um jejum de dezessete anos antes de conquistar o hexacampeo­nato, em 2009. No caso do Fluminense, a espera foi de um quarto de século até que o atual campeão brasileiro levantasse novamente o troféu. Os outros dois estão há mais de dez anos na fila. Como se vê, ainda existem desafios gigantescos pela frente. Mas, a julgar pelos resultados dentro e fora das quatro linhas, o quarteto carioca parece trilhar o rumo certo.

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