Cinemas investem em experiências para encantar e atrair novos públicos

Exibidores já entenderam que, para sobreviver, não devem se restringir às estreias

Por Pedro Coutinho
13 jun 2025, 08h06
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Madrugada animada: maratona do Grupo Estação cativa diferentes públicos em Botafogo (./Divulgação)
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Não se assuste ao se deparar com uma fila de pessoas trajando pijamas — ou fantasias de personagens japoneses, como o Pikachu — numa noite de sábado em plena Rua Voluntários da Pátria. Também não estranhe ao esbarrar em alguém passeando pelo shopping com uma mochila repleta de pipoca. Essas cenas curiosas são reflexos dos esforços dos cinemas para conquistar espectadores. E tem dado certo.

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Com dois pontos em Botafogo e um no Shopping da Gávea, o Grupo Estação entendeu que, para sobreviver, não deve exibir apenas as estreias. No Cinema de Pijama, promovido a cada dois meses, por exemplo, os participantes varam a madrugada assistindo a clássicos de diferentes épocas. A ideia surgiu no ano passado, ao estilo “se a vida te der um limão, faça uma limonada”, após um grupo de quarenta pessoas ser esquecido na sala escura.

Durante a sessão de Help!, dos Beatles, toda a plateia batia os pés no ritmo das músicas. “Já maratonei a obra de Hitchock e de Kubrick”, contou o físico argentino Sergio Santini, 62 anos, radicado no Rio há três décadas, cinéfilo de carteirinha. As feridas deixadas pela pandemia no setor ainda estão em fase de cicatrização. Em 2024, o público cresceu 9,7% em relação ao ano anterior, segundo a Agência Nacional do Cinema (Ancine). Porém, na comparação com 2019, houve queda de quase 30% na frequência.

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Cinema de Pijama: público se engaja no look e ainda come pipoca à vontade (./Divulgação)
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A pedra no sapato é, claro, o streaming, já que os preços das mensalidades das plataformas saem bem mais em conta que uma ida ao cinema. A assinatura padrão da Netflix na versão com anúncios custa 20,90 reais mensais, enquanto uma inteira para as telonas aos fins de semana varia de 34 a 92 reais, dependendo da localização e da qualidade da sala.

Outro agravante é que os exibidores pagam impostos. “É uma concorrência desleal. Enquanto o streaming não for regulamentado, vamos seguir em desvantagem”, opina Adriana Rattes, diretora-executiva e sócia-fundadora do Grupo Estação. O jeito é comer pelas beiradas, abusando da criatividade.

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No final do ano passado, graças à febre suscitada por Ainda Estou Aqui, a rede apostou em concursos de sósias de Fernanda Torres e Selton Mello, lotando o foyer do NET Rio. Para o mercado do entretenimen- to hoje, “imersão” parece ser uma palavra-chave, que abre caminhos e molda comportamentos.

Se o Estação investe num catálogo diversificado, a Kinoplex aposta em conforto e novidades nas bombonières. As salas platinum trazem assentos de couro, mais largas e reclináveis. Além disso, o frequentador tem um menu, digamos, gourmet à disposição. Reformulado em parceria com o chef Fred Avellar, o cardápio lançado no fim de maio traz até fondue e milk-shake de pipoca.

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“Cinema é uma experiência e não dá para fazer delivery de experiência. Nem se compara a assistir a um filme em casa”, defende a head nacional de marketing da Kinoplex, Patricia Cotta. Na estreia do live action de Lilo e Stitch, algumas unidades da rede contaram com a presença do personagem tirando fotos com a criançada. Sucesso total. Já a UCI faz promoções convidativas e oferece até bolinho de feijoada e azeites trufados para incrementar. Vale tudo para encantar e atrair mais gente ao escurinho do cinema.

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Tudo pela presença: o que encontrar nos cinemas cariocas (./Veja Rio)
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