Juca de Oliveira faz Rei Lear para um só intérprete
Ator vive o governante de Bretanha e mais cinco personagens em montagem enxuta
Privilégio para qualquer ator, Juca de Oliveira já havia integrado o elenco de três peças de William Shakespeare — Júlio César (1966), Ricardo III (1975) e Otelo (1982), as duas últimas no papel-título — quando recebeu do poeta Geraldo Carneiro a proposta de uma montagem de Rei Lear. Havia, porém, uma questão a ser considerada: traduzido e adaptado por Carneiro, o texto seria formatado para apenas um intérprete, a quem caberiam o protagonista e um punhado de coadjuvantes. O resultado é esta austera encenação dirigida por Elias Andreato, de cenografia crua (de Fabio Namatame) e luz elegante (de Wagner Freire) — praticamente um veículo para Juca, envergando o mesmo figurino ao encarnar seis das dezenas de personagens da peça. Na história, o idoso Lear, monarca da Bretanha, resolve dividir seu reino entre as três filhas, mas acaba renegando a caçula Cordélia, que se recusa a bajular o pai como fizeram as irmãs. Como se verá, entretanto, justamente estas duas se revelam não merecedoras da herança, o que enlouquece o rei. Não se trata de purismo, mas, para quem conhece a obra, é inevitável a sensação de que o enxugamento de personagens e tramas diluiu um tanto a força dramática do original. Nada que Juca, senhor do palco, não compense com uma atuação exuberante e notável entrega (60min). 14 anos. Estreou em 16/10/2014.
Teatro dos Quatro (402 lugares). Shopping da Gávea, Rua Marquês de São Vicente, 52, 2º piso, Gávea, ☎ 2239-1095. → Quinta a sábado, 19h; domingo, 18h30. R$ 60,00 (qui. a sex.); R$ 80,00 (sáb. e dom.). Bilheteria: a partir das 15h (qui. a dom.). Estac (R$ 14,00 até duas horas). Até o dia 30.
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