Quem foi Maria Firmina dos Reis, a grande homenageada da Flip 2022
Filha de uma escravizada alforriada, maranhense escreveu o primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil e é pioneira na literatura abolicionista
A Festa Literária Internacional de Paraty (Flip) anunciou sua próxima edição, que acontece entre 23 e 27 de novembro e celebra os 20 anos do evento, tem como homenageada a escritora maranhense Maria Firmina dos Reis (1822-1917).
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Nascida no Maranhão, filha de uma mulher negra alforriada, foi professora de primeiras letras, tendo sido primeira mulher a ser aprovada em um concurso público no estado para o cargo. Também fundou pela primeira vez uma sala de aula mista, de meninos e meninas, algo que era inadmissível para a época.
Em 1859, lançou o livro Úrsula, apontado como o primeiro romance publicado por uma mulher no Brasil. É também um dos precursores da literatura abolicionista no país. Sua forma de retratar mulheres e negros confronta a mentalidade da época. Na primeira edição, assinou como o pseudônimo “Uma Maranhense”.
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O romance fala do amor entre duas pessoas brancas, a mocinha Úrsula, de família pobre, e Tancredo, de família rica. Porém, pouco a pouco um trio de personagens negros ganha importância na trama. Túlio é um homem bom que salva a vida de Tancredo e tem sua liberdade devolvida por ele. Susana foi retirada da África, separada da família e testemunhou atrocidades no navio negreiro. Antero era um velho guardião que, agora escravizado, trabalha sem descanso e encontrou na bebida uma forma de suportar os dias.
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Maria Firmina tinha uma participação intensa na intelectualidade maranhense, tendo publicado na imprensa local, lançado livros e participado de antologias, além de ter sido musicista e compositora. Maria Firmina dos Reis morreu aos 95 anos na cidade de Guimarães (MA), onde morou desde criança.
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Não se conhece seu rosto, já que não deixou retratos nem pinturas. Úrsula foi bem recebido na época, mas após sua morte caiu no esquecimento. Nos últimos anos, sua importância e píoneirsmo vêm sendo cada vez mais difundidos.
Mesas em homenagem a Maria Firmina dos Reis na Flip:
Quarta, 23 de novembro, às 20h
Mesa 1: Pátrios lares
Com especialistas na obra da autora e do período em que ela produziu, o painel pretende provocar um debate produtivo sobre gêneros literários, abolicionismos e a história do Brasil.
Convidados:
Ana Flávia Magalhães Pinto (DF)
Fernanda Miranda (BA)
Midria (SP)
Quinta, 24 de novembro, às 10h
Mesa 2: Minha Liberdade
Trata-se do encontro de intelectuais que pesquisam a literatura brasileira e o período em que Maria Firmina dos Reis atuou. Em diálogo, eles podem nos ajudar a entender de que forma a produção da autora contribui para o pensamento sobre o Brasil, sobretudo a partir da Independência.
Convidados:
Lilia Schwarcz (SP)
Eduardo de Assis Duarte (MG)
A programação principal completa da Flip está no site do evento.
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